A nova linhagem do coronavírus, EG.5, denominada Éris, oriunda da Ômicron, foi classificada como Variante de Interesse — com maior potencial de risco à saúde pública — pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A medida levou a prefeitura de Porto Alegre a emitir uma nota, na última segunda-feira (4), com recomendações como o uso de máscaras para públicos e condições específicas.
Porém, ainda que a covid-19 exija neste momento um aumento na atenção, especialistas afirmam que a nova cepa não é considerada grave.
No momento, o cenário no Rio Grande do Sul é de estabilidade, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Conforme o painel de acompanhamento do Estado, entre os dias 1° e 4 de setembro, foram registrados 72 novos casos. Não houve morte confirmada no período. No total, são 472 casos em acompanhamento. A SES avalia que ainda não há fato de relevância epidemiológica.
GZH consultou especialistas e compilou respostas sobre a situação atual da covid-19 no Estado:
Existe algum caso confirmado da nova variante aqui?
A SES afirma que não há casos registrados no Rio Grande do Sul até o momento.
Há uma nova onda de covid-19?
Não há uma nova onda em andamento, conforme especialistas. O cenário é diferente de outros países onde casos já são registrados, como nos Estados Unidos, que têm uma baixa cobertura vacinal e começam a enfrentar o frio. A infectologista da Santa Casa de Porto Alegre e mestre em Virologia Cynara Nunes atribui a situação controlada no Estado à cobertura vacinal.
Coordenadora da Comissão de Controle de Infecção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a infectologista Caroline Deutschendorf informa que não houve aumento de internações – nenhum paciente está internado com covid-19 no HCPA. Em relação às testagens, ressalta que não houve uma mudança relevante no padrão.
Há motivo para preocupação?
Não há comprovação de que os casos por Éris sejam mais virulentos, causem uma doença mais grave ou até mesmo óbito.
— O que dá para dizer realmente é que é supertransmissível, porque dentro da evolução viral, se tem a variante Ômicron, ela realmente é mais transmissível em relação a outras — afirma Cynara.
Mesmo assim, há recomendações para a retomada de medidas de prevenção destinadas a públicos específicos, como profissionais da saúde e pessoas com síndrome gripal, e mais suscetíveis, como quem tem fatores de risco. Nesses casos, é orientado ter mais cuidado.
— A princípio é a mesma preocupação que tinha de ter ao longo de todo esse tempo. E ficar atento — alerta Caroline.
Os sintomas têm características diferentes?
Os sintomas são os mesmos da Ômicron, já que se trata de uma linhagem: febre, tosse, dor no corpo, coriza, dor de garganta — quadros que se assemelham a um resfriado. São sintomas distintos daqueles apresentados no início da pandemia, que podiam progredir para quadros respiratórios mais graves.
— A maioria dos pacientes faz um quadro mais leve, a não ser os não vacinados ou quem tem algum tipo de deficiência de imunidade, que podem ter caso mais grave — afirma a coordenadora da Comissão de Controle de Infecção do HCPA.
Quanto tempo de isolamento é recomendado?
A princípio, os profissionais da saúde continuam recomendando um isolamento de 7 dias, por se tratar de uma linhagem da Ômicron. A recomendação dependerá do quadro do paciente e da evolução dos sintomas.
Qual é a importância da vacinação? E quais imunizantes devem ser buscados?
As especialistas frisam a importância de manter a vacinação em dia, com todas as doses indicadas para cada faixa etária. Cynara reforça a necessidade de se imunizar com a vacina bivalente, que está disponível e protege contra a cepa inicial e a Ômicron, em circulação agora. A médica alerta que, apesar da oferta, a busca pelos imunizantes sofreu uma redução.
— É a maior proteção que a gente tem contra a possibilidade de ter um caso mais grave — salienta Caroline.
As vacinas estão disponíveis na rede pública, nos postos de saúde.