A Secretaria da Saúde de Canoas solicitou a prorrogação da intervenção no Hospital Universitário de Canoas (HU), prevista para ser encerrada neste sábado (3). A pasta também garantiu que terá uma agenda com as entidades médicas, que cobram uma reunião com o secretário para tratar da situação da saúde no município, incluindo o HU. A data, contudo, ainda não foi estipulada. As informações foram divulgadas pela pasta nesta quarta-feira (31).
A prefeitura assumiu o comando do HU em 27 de maio do ano passado, após inúmeras denúncias de irregularidades e problemas. Conforme a Secretaria da Saúde, foi protocolada a solicitação de prorrogação no dia 23 de maio de 2023, junto à ação civil pública que determinou a intervenção municipal, na 2ª Vara Cível de Canoas.
— Por se tratar de um serviço essencial, acreditamos na agilidade e sensibilidade da magistrada, por isso estamos confiantes para seguir operando — afirmou Felipe Martini, atual secretário municipal da Saúde.
Segundo a pasta, uma nova licitação para contratar uma empresa que ficará responsável pela gestão do hospital ainda será realizada, mas não há prazo estimado. "O município está avaliando a melhor modalidade para definir como será feita a gestão do hospital", informou a secretaria em nota.
Martini ressaltou que assumiu a pasta no dia 5 de maio — o prefeito Jairo Jorge retornou ao cargo no final de março, quase um ano após ser afastado por suspeita de corrupção, e empossou novos membros do governo para a retomada de sua gestão — e que sua equipe ainda está se apropriando das informações. Projetou ainda que, em paralelo, a secretaria está construindo estratégias para enfrentar o inverno, qualificar a atenção primária, manter um atendimento qualificado nas UPAs e melhorar a produtividade dos hospitais.
— Esse trabalho, evidentemente, é impactado, num primeiro momento, tendo em vista o desequilíbrio fiscal do município em 2022, que já alcança aproximadamente R$ 180 milhões, conforme diagnóstico inicial. Infelizmente, isso nos retira possibilidades de investimentos, mas, mesmo assim, já adquirimos dois tomógrafos para o HPS, estamos apenas aguardando a ampliação da sala para o atendimento — pontuou o secretário.
Conversa com entidades
Na terça-feira (30), o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), a Associação Médica do RS (Amrigs), a Associação Médica de Canoas (Somedica) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS) enviaram um ofício buscando agenda com o secretário.
No documento, foram apontados questionamentos sobre precarização na assistência do município, como: o atraso no pagamento dos médicos e demais servidores da saúde que atuam no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) e no HU; a falta de produtos de limpeza e de alimentação no HNSG; longas filas para atendimento e para cirurgia; equipamentos danificados nos hospitais do município e as incertezas quanto ao fim da intervenção da prefeitura no HU.
O secretário garantiu que será construída uma agenda para atender às entidades, assim que estiverem "apropriados de todas as informações que julgamos necessárias".
Martini também ressaltou que a informação sobre falta de insumos e salários não se confirma. Acrescentou ainda que a população não está desassistida, visto que os serviços de telemedicina estão sendo ampliados e que, nesta semana, será anunciada a Operação Inverno. Em relação aos atrasos salariais, a pasta respondeu que eles são pontuais e estão sendo resolvidos.