A ministra da Saúde, Nísia Trindade, fez um pronunciamento em rede nacional na noite deste domingo (7) para comentar sobre o fim da emergência global de saúde de covid-19 declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na última sexta-feira (5).
— Depois de um período tão doloroso, o nosso país recebe essa notícia com esperança — começou ela.
Em sua fala, porém, Nísia destacou a importância da vacinação contra a covid-19, uma vez que o vírus segue sendo uma realidade no país e causando mortes e internações, apesar de em números muito menores em comparação com os momentos mais difíceis da pandemia. E ela creditou tal mudança às vacinas.
Nísia salientou que o coronavírus segue evoluindo e sofrendo mutações, mas apontou que a variante Ômicron e sua sublinhagens tem dominância no mundo, mas que não houve agravamento no quadro sanitário. Por isso, deve-se manter o enfrentamento continuado.
— Infecções pelo vírus Sars-Cov2 vão continuar e devemos manter cuidado. Portanto, sistemas de vigilância, diagnóstico, redes de assistência e vacinação precisam ser fortalecidos. Um alerta: é hora de intensificar a vacinação. As hospitalizações e óbitos pela covid-19 ocorrem principalmente em indivíduos que não tomaram as doses de vacina recomendadas — enfatizou a ministra, salientando que o Ministério da Saúde, desde fevereiro, ao lado dos Estados e municípios, realiza movimento nacional para vacinação de reforço.
A ministra ainda lamentou as mais de 700 mil vidas perdidas no Brasil durante a pandemia e salientou que muitas delas poderiam ter sido salvas. Ela apontou que 2,7% da população mundial vive no país, mas este representou 11% das mortes globais:
— Outro teria sido o resultado se o governo anterior, durante toda a pandemia, respeitasse as recomendações da ciência. Se fossem seguidas e cumpridas as obrigações de governante, de proteger a população do país. Não podemos esquecer. Precisamos preservar essa memória podar podermos construir um futuro digno.
Nísia ainda agradeceu em seu nome e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a todos que lutaram pela sociedade, especialmente os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), que arriscaram as suas vidas durante a pandemia. Ela ainda lembrou dos cientistas e dos laboratórios, com destaque para o Instituto Butantan, a Friocruz e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A ministra finalizou que é preciso se preparar para novas pandemias e emergências sanitárias, destacando também que é necessário diminuir a desigualdade social, pois é ela que faz com que a pandemia atinja pessoas que estão em maior vulnerabilidade social.
Veja a declaração da ministra:
OMS
A fala de Nísia Trindade vem dois dias depois da OMS, por meio de seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ter declarado o fim da emergência mundial causada pela pandemia de covid-19.
Na ocasião, ele disse:
— É com grande esperança que eu declaro o fim da emergência global de saúde de covid-19.
O início da Emergência Global em Saúde foi declarado em 11 de março de 2020. A partir disso, o mundo enfrentou distintas fases da doença, com muitas incertezas, recordes de mortes, desenvolvimento de vacinas.
Apesar do anúncio, a OMS defende que cuidados devem permanecer. Segundo o diretor-geral, o pior que qualquer país poderia fazer neste momento é usar a notícia para baixar a guarda, desmontar os sistemas que montaram ou mandar mensagem para o seu povo de que covid não mais merece preocupação.
— Eu enfatizo que isso não é uma decisão de agora — declarou Tedros, citando que a decisão tem sido considerada, analisada e debatida já há algum tempo. — Se precisar, eu não vou hesitar de declarar outra emergência.
Segundo estimativas da OMS, nos mais de três anos de pandemia, a doença já matou mais de 7 milhões em todo o mundo, com registro de mais de 765 milhões de casos.