A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (27) o primeiro medicamento feito a partir de bactérias encontradas em fezes humanas para combater infecções intestinais graves. O produto se chama Vowst e é de ingestão via oral.
De acordo com a FDA, que é a agência reguladora ligada ao departamento de saúde americano, a medicação previne a recorrência da infecção por Clostridioides difficile (CDI), bactéria que pode causar náuseas, cólicas e diarreias intensas. O Vowst poderá ser usado por pessoas com 18 anos ou mais, após tratamento antibacteriano para CDI recorrente. A fabricante autorizada pela agência americana é a Seres Therapeutics.
"A aprovação de hoje oferece aos pacientes e profissionais de saúde uma nova maneira de ajudar a prevenir infecções recorrentes por C. difficile ", disse Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA. “A disponibilidade de um produto de microbiota fecal que pode ser tomado por via oral é um passo significativo no avanço do atendimento ao paciente e na acessibilidade para indivíduos que sofreram esta doença que pode ser potencialmente fatal”, acrescentou.
Vowst contém bactérias vivas e é fabricado a partir de matéria fecal humana doada por indivíduos qualificados. Embora os doadores e as fezes sejam testados para um painel de patógenos transmissíveis, o medicamento pode apresentar risco de transmissão de agentes infecciosos. Também é possível que Vowst contenha alérgenos alimentares.
Segundo informações do G1, a FDA aprovou o tratamento com base em um estudo de 180 pacientes em que 88% daqueles que tomaram as cápsulas não tiveram reinfecção após 8 semanas, em comparação com 60% daqueles que receberam placebos. O tratamento aprovado consiste em tomar quatro cápsulas por dia da pílula durante três dias consecutivos.
Infecção por CDI
Segundo a FDA, a CDI causada pela bactéria C. difficile é uma das infecções associadas à assistência médica mais comuns nos Estados Unidos - está ligada a um alto número de mortes, entre 15 mil e 30 mil por ano.
Fatores de risco que podem aumentar a chance de CDI incluem idade acima de 65 anos, hospitalização, residência em casa de repouso, sistema imunológico enfraquecido e história anterior da doença.
Depois de se recuperar da CDI, os pacientes podem contrair a infecção novamente, condição conhecida como CDI recorrente. O risco de recorrências adicionais aumenta a cada infecção e as opções de tratamento são limitadas. Acredita-se que a administração da microbiota fecal facilite a restauração da flora intestinal para prevenir novos episódios.