O primeiro lote de vacinas contra a mpox, chamada no passado de “varíola dos macacos”, chega nesta terça-feira (14) ao Rio Grande do Sul. Segundo o Estado, são 1.388 doses do imunizante, e o início da aplicação será definido nos próximos dias.
Em entrevista à Rádio Gaúcha Nesta segunda-feira (13), a enfermeira especialista da Rede Estadual de Núcleos de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Fernanda Maria da Rocha, explicou que o público-alvo, definido pelo governo federal, é bastante específico.
Do total de vacinas, 1.360 serão utilizadas na primeira e na segunda dose de imunização de 680 homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais com idade igual ou superior a 18 anos e com o chamado status imunológico com a quantidade de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos meses. Esse público é o de “pré-exposição” e, conforme Fernanda, é o que atualmente apresenta o maior risco de adoecer gravemente e morrer por conta da doença.
— A população-alvo, selecionada pelo Ministério da Saúde, são pessoas com HIV/Aids, especificamente homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais. Ou seja, é uma população com condições sorológica, de sexo, gênero e idade específicas. Para localizar onde essas pessoas se encontram e de que forma a aplicação das vacinas será operacionalizada com sucesso, isso nos leva a organizar a logística junto a outros setores do Estado e dos municípios — explicou
De acordo com o governo do Estado, outras 28 doses serão utilizadas para a vacinação de 14 pessoas que tiveram contato direto com fluidos ou secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox e que a exposição seja classificada como “de alto ou médico risco, que fazem parte do grupo pós-exposição”.
Entretanto, a enfermeira Fernanda da Rocha reforça que toda as pessoas, sem distinção, devem ter atenção com a doença, transmitida pelo vírus monkeypox, do gênero orthopoxvírus.
— Acho importante ponderar que, apesar da especificidade, a mpox atinge todos os grupos e faixas etárias. Não é o contato sexual apenas. É qualquer tipo de contato próximo, físico, que pode ocasionar a infecção pelo vírus — comentou.
De acordo com informações divulgadas pelo governo do Estado nesta segunda-feira (13), ainda não há definição para a chegada das vacinas destinadas a profissionais de laboratório que trabalham diretamente com o vírus. Essas vacinas seriam destinadas a profissionais de laboratórios com nível de biossegurança 3 (onde são desenvolvidos trabalhos resultantes de agentes infecciosos Classe 3), de 18 a 49 anos de idade.
No total, o Ministério da Saúde vai distribuir cerca de 46 mil doses por meio do Programa Nacional de Imunizações. A pasta segue a liberação para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o Estado, “O Informe Técnico do Ministério da Saúde considera que o atual cenário epidemiológico da mpox apresenta queda progressiva no número de casos em todo o mundo, incluindo no Brasil, e que a principal estratégia de contenção é a identificação de casos e rastreamento de contatos”. Além disso “segundo o documento, a atual estratégia de vacinação tem como objetivo principal a proteção dos indivíduos com maior risco de evolução para as formas graves da doença”, completa o Estado.
Como identificar a doença?
Fernanda aponta que a aparência da mpox é diferente da que muitas vezes se encontra em imagens na internet ou como a patologia se apresentou na década de 1970.
—Não temos tido aquela grande quantidade de lesões. Muitos casos tiveram lesão única em região genital ou oral, onde se deu contato inicial com o vírus. Se a gente procurar no Google, vai ver quadros de pacientes com muitas lesões. Isso não aconteceu no surto de 2022. A lesão é uma bolha, que vai mudar para um estágio de crosta. Além da lesão, quem tiver a doença pode apresentar quadros de febre, íngua, cansaço e dores de corpo — acrescenta a enfermeira.