Com 46 mil doses à disposição do Programa Nacional de Imunizações, o Ministério da Saúde se prepara para iniciar a campanha de vacinação contra a mpox (antes chamada de varíola dos macacos). Questionada por GZH, a Secretaria Estadual de Saúde esclareceu que o Rio Grande do Sul vai receber doses do imunizante, mas ainda sem confirmação de quantidade, nem data para início da campanha.
A nota técnica do Ministério da Saúde estabelece que a quantidade de doses a serem distribuídas vai variar conforme o público-alvo de pré-exposição, ou seja, aqueles que vivem com HIV/Aids e com “contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células” e profissionais que trabalham diretamente com orthopoxvírus em laboratórios. Para a pós-exposição, entram no grupo contatos de pacientes com suspeita ou confirmação da doença, classificados como exposição de risco alto ou médio.
Inicialmente, o Ministério da Saúde vai repassar para as unidades federativas, no entanto, só o quantitativo suficiente para vacinar 50% da população-alvo da vacinação, os de pré-exposição.
Nacionalmente, a campanha começa na próxima segunda-feira (13), conforme informou a Secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel. Considerando que não há mais disponibilidade de imunizante no mercado (o ministério havia comprado 49 mil, mas só recebeu 46 mil, conforme o documento), a estratégia de vacinação segue enquanto durarem os estoques.
A primeira remessa de imunizantes, com 9,8 mil unidades, foi recebida pelo Brasil ainda em outubro. Por unanimidade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia aprovado a utilização das vacinas Jynneos/Imvanex ainda em agosto, prorrogando a dispensa de registro por mais seis meses em fevereiro deste ano.
O documento também traz o desenho epidemiológico do surto no país até 18 de fevereiro. No total, houve notificação de 50.803 casos suspeitos para mpox: 10.301 (20,3%) foram confirmados; 339 (0,7%) classificados como prováveis; 3.665 (7,2%), suspeitos e 36.498 (71,8%), descartados. No período, foram registradas 15 mortes.
A curva de casos mostra um crescimento a partir de julho e pico em agosto. Depois, a partir de setembro, tendência de queda, embora casos sigam sendo notificados. Essa persistência, segundo o documento, é o que justifica a necessidade da campanha e o foco em pacientes com potencial de agravamento do caso.
"Considerando o panorama epidemiológico da infecção por mpox, com persistência de casos confirmados no território brasileiro e, apesar de tendência decrescente no mundo inteiro, a frequência de óbitos e a ocorrência de morbimortalidade são maiores entre as pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), em especial naquelas com status imunológico de contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células", diz o documento.
Ethel Maciel destaca que, felizmente, o cenário epidemiológico é de declínio, mas que isso não significa a eliminação dos cuidados:
— Como o vírus ainda está circulando, não há eliminação, mas controle, é importante vacinarmos para maior proteção dos mais vulneráveis ao desenvolvimento de quadros clínicos mais graves ou mais expostos ao vírus.
Vacina e campanha
Inicialmente, a pasta vai repassar para as unidades federativas só o quantitativo suficiente para vacinar 50% da população-alvo da vacinação pré-exposição. "O envio de mais doses dependerá do andamento da vacinação e, a depender da demanda local, as UF deverão solicitar ao Ministério da Saúde os envios de remessas adicionais", diz o documento.
Em todo o Brasil, são 16.354 pessoas elegíveis, e o Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com mais pessoas (1.360), atrás apenas de São Paulo (3.671) e Rio de Janeiro (1.546).
A vacina a ser utilizada é a Jynneos que, segundo a pasta, é uma "vacina viva", produzida a partir da cepa Vaccinia Ankara-Bavarian Nordic (MVA-BN) modificada, um Orthopoxvírus atenuado e não replicante contra varíola e varíola de macaco, que induz respostas imunes humorais e celulares. O esquema de vacinação é de duas doses ( com 0,5 ml cada), com quatro semanas de intervalo (28 dias). Ela é indicada para uso em adultos com idade igual ou superior a 18 anos.
Grupos elegíveis para vacinação pré-exposição
- Pessoas vivendo com HIV/Aids: homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais; com idade igual ou superior a 18 anos; e com status imunológico identificado pela contagem de linfócitos T CD4 inferior a 200 células nos últimos seis meses
- Profissionais de laboratório que trabalham diretamente com Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 3 (NB-3), de 18 a 49 anos de idade
Grupos elegíveis para vacinação pós-exposição
- Pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas, prováveis ou confirmadas para mpox, cuja exposição seja classificada como de alto (exposição direta da pele ou membranas mucosas à pele ou secreções respiratórias) ou médio (sem contato direto, mas próximo na mesma sala ou espaço físico interno) risco