A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que 91% do território do Rio Grande do Sul está infestado pelo mosquito Aedes aegypti. São 454 dos 497 municípios com alto risco de contaminação por dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo inseto, segundo o último comunicado de risco para arboviroses.
A alta incidência de casos notificados de dengue e chikungunya em países vizinhos, como Argentina, Paraguai e Colômbia, como elementos de atenção.
— Muitos casos são importados, de pessoas que viajaram para outros lugares. O Paraguai vem tendo muitos casos (de chikungunya) e a Argentina também está em estado de alerta. Estamos em uma época de verão, com muitas pessoas viajando – comenta Marcelo Vallandro, diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
De acordo com o painel de monitoramento de arboviroses da SES, o Rio Grande do Sul registrou 706 casos notificados de dengue nas cinco primeiras semanas epidemiológicas de 2023. Esse número representa uma queda de 3,2% em comparação ao mesmo período de 2022, quando foram 730 notificações.
Os casos notificados não significam confirmações de pacientes com dengue, mas ajudam a acompanhar a presença da doença do Estado. Os municípios são responsáveis por atualizar as confirmações no sistema da SES, mas têm até 60 dias para completar o processo, mesmo que os resultados de testes para a dengue fiquem prontos de 3 a 5 dias após a realização dos exames.
— Muitas vezes, com algumas doenças, a confirmação de um caso só vai constar em sistema alguns meses depois – comenta Vallandro.
Nas primeiras cinco semanas de 2022, por exemplo, foram registradas 299 confirmações de dengue no Rio Grande do Sul, cerca de 41% das notificações. Contudo, muitas delas foram contabilizadas retroativamente, quando a confirmação por parte das prefeituras foi realizada. Até o momento, apenas 28 casos confirmados de dengue aparecem no painel de monitoramento de arboviroses da SES — cerca de 4% dos casos notificados.
O diretor-adjunto do CEVS também comenta que a dengue é uma doença que requer confirmação de caso, já que os sintomas patológicos também são parte integrante de outras doenças. A maior parte dos Estados do Brasil trabalha com casos prováveis de dengue, sem a confirmação laboratorial, o que não é o caso do RS.
Em 2022, quando o Rio Grande do Sul registrou 66,7 mil casos da doença, muitas notificações foram excepcionalmente fechadas sem testes, já que o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (LACEN) ficou com demandas represadas. Alguns laboratórios regionais estão testando para a doença, para acelerar as notificações.
Quanto à chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti, quatro casos já foram confirmados em 2023, com 26 notificações. No ano passado, foram 63 confirmações, com 750 notificações. Os casos registrados neste ano foram contabilizados em Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo e Estância Velha e nenhum deles é autóctone, com a contaminação ocorrendo dentro do próprio Rio Grande do Sul.