Uma alternativa no combate à dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti surge no horizonte do Rio Grande do Sul. Técnicos do governo do Estado e do Ministério da Saúde encerraram, nesta sexta-feira (27), a primeira semana de testes do projeto-piloto que pode reduzir os casos da doença em até 96%, segundo previsão da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Trata-se da borrifação residual intradomiciliar (BRI).
A cidade escolhida para ser a pioneira no estudo foi Rondinha, na Região Norte. Na semana que vem, as atividades seguem no mesmo município. Tucunduva, na Região Noroeste, e Jaboticaba, na Região Norte, também receberão a equipe para pesquisas. Por enquanto, não há previsão para apresentação de resultados.
A BRI consiste na utilização de um inseticida, que é liberado pelo Ministério da Saúde. O produto é aplicado em paredes, até um metro e meio do chão, onde os mosquitos costumam agir. Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Aline Campos, a alternativa é mais eficaz do que o tradicional fumacê. Isso porque a borrifação é feita dentro das casas, e o mosquito, conforme explica Aline, tem comportamento intradomicilar.
Além disso, o fumacê tem efeito apenas no momento em que entra em contato com o inseto. E a borrifação testada no momento deixa o produto agindo por mais tempo.
— Uma técnica não vai substituir a outra. Pelo contrário, é mais uma técnica que se somaria à luta contra o mosquito transmissor da dengue — explica Aline.
Aline conta que a nova aplicação também está em testes em Marília e Araçatuba, em São Paulo, e é utilizada no México e na Austrália. Segundo o governo do RS, no norte do Brasil, a BRI é utilizada no combate à malária.
Como funciona
A borrifação é feita com um equipamento especial comprado pela prefeitura da cidade na qual o trabalho é executado. Antes da aplicação do inseticida, é feita a chamada “aspiração do ambiente”, para constatar a densidade de mosquitos. Os técnicos pedem autorização prévia para entrar nas residências e focam nos cômodos com maior circulação de pessoas, em geral, na sala.
Depois de 60 dias, a equipe voltará às cidades do projeto-piloto para averiguar se a densidade de mosquitos diminuiu. Caso o resultado seja positivo, a técnica será proposta como política pública de combate à dengue no Rio Grande do Sul.
Os municípios de Rondinha, Tucunduva e Jaboticaba foram escolhidos por terem porte pequeno e por oferecerem ambientes controlados para os estudos. É necessário que a pesquisa seja realizada em locais com predominância de casas.
Dados da SES apontam para um crescimento de 59% dos casos de dengue nas três primeiras semanas de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 202 registros contra 127 confirmações em 2022. O Cevs já considera a situação preocupante porque demonstra que já há muitos mosquitos circulando com a doença no Estado.