O terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá acionar a iniciativa privada para zerar a fila de consultas e cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos compromissos da campanha, afirmou o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), em entrevista neste domingo (4) a jornalistas, informa a GloboNews.
Alckmin citou que o SUS se focou, corretamente, no combate à covid-19 nos últimos anos, o que suspendeu milhares de atendimentos, mas que chegou a hora de zerar a fila e atender os brasileiros que aguardam consultas e cirurgias. A declaração foi dada após reunião com especialistas em saúde.
— Há um compromisso do presidente Lula de zerar a fila que se formou durante a pandemia. Durante a pandemia, corretamente se priorizou a covid. Então, você acabou tendo filas. A ideia é fazer um mutirão, inclusive se precisar contratar a iniciativa privada, para zerar a fila de especialidades, exames e cirurgias — afirmou o vice-presidente eleito.
Levantamento do Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde (Conass) estima que 11,6 milhões de cirurgias ficaram em suspenso e precisam ser feitas no país. Para atender a essa demanda reprimida, seria necessário fazer 75% a mais de cirurgias hospitalares em 2023.
No Rio Grande do Sul, 236 mil pessoas estão em fila de espera para consultas, segundo levantamento da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS) realizado a pedido de Zero Hora na quarta-feira (30). As maiores filas são na oftalmologia (35,3 mil consultas), urologia (10,5 mil) e otorrinolaringologia (9,6 mil).
Alckmin ainda citou que uma das primeiras medidas do Ministério da Saúde será desenvolver uma campanha para destacar a importância da vacinação com atletas e artistas. A adesão vem caindo entre brasileiros. Doenças até então erradicadas, como poliomielite, sarampo e difteria, podem voltar com força. A imunização contra a covid-19 estacionou.
Reportagem de ZH publicada nesta segunda-feira (5) mostrou os desafios do novo governo Lula na área da saúde e destacou que a União precisará lidar com as filas de atendimentos no SUS em meio ao menor repasse de verbas para o Ministério da Saúde por conta do teto de gastos.
O orçamento de 2023 do Ministério da Saúde, enviado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) para aprovação do Congresso, é o menor em 10 anos, segundo estudo da consultoria técnica da Câmara e do Senado. Em valores corrigidos pela inflação, a Saúde terá R$ 146,4 bilhões, R$ 16,5 bilhões abaixo do orçamento da pasta deste ano.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) deverá sofrer cortes. No orçamento enviado ao Congresso, Bolsonaro previu redução de 37% no orçamento do programa: seriam R$ 8,6 bilhões em 2023, ante R$ 13,6 bilhões neste ano.
O Ministério da Economia do governo Bolsonaro enviou nota na qual diz que o orçamento enviado para o Congresso foi feito “em contexto desafiador, em meio ao elevado nível de indexação e rigidez alocativa das despesas, o que obrigou a uma alocação de recursos conservadora”, mas que o Parlamento poderá alterar.