A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou o mais recente Boletim InfoGripe nessa sexta-feira (18). Conforme os dados, a covid-19 aumenta em 12 Estados do país, especialmente entre a população adulta na faixa etária acima dos 60 anos. O sinal de alerta precisa estar ligado, porque o crescimento dos casos da doença corresponde a 47% dos resultados positivos para vírus respiratórios nas últimas quatro semanas.
O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, recomenda o que pode ajudar no combate à doença.
— Tem uma nova onda pela frente e para se estar melhor protegido contra as formas mais graves é importante que as pessoas façam as doses de reforço das vacinas — afirma o médico.
No caso específico do Rio Grande do Sul, embora se verifique aumento de casos positivos para covid-19 na população adulta, o cenário não se reflete em sinal claro de crescimento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no agregado estadual até a última atualização da Fiocruz.
— As vacinas de que nós dispomos atualmente no Brasil, principalmente com as doses de reforço, protegem contra as formas mais graves da doença. Isso é a grande saída para não repetirmos os erros do passado — avalia.
Segundo dados do painel de dados do governo do Estado, o RS soma 2.754.244 registros da doença e 41.231 óbitos por coronavírus desde o início da pandemia. A taxa de mortalidade é de 362,4 ocorrências a cada 100 mil habitantes.
Sprinz observa como está o cenário da covid-19 entre os pacientes do RS.
— Desde julho até agora, nunca tivemos uma trégua tão grande em relação à covid, tanto em número de casos quanto de internações. O que estamos vendo agora, principalmente no nível hospitalar, é que alguns pacientes são contaminados no hospital, infelizmente. Isso reforça o uso da máscara onde há pessoas doentes — diz.
O infectologista sinaliza o que tem percebido em relação ao perfil dos contaminados.
— Em via de regra, são pessoas com esquema vacinal antigo, principalmente com uma dose ou nenhuma, sendo que a última foi ainda no ano passado. E também aquelas pessoas muito doentes e idosas, acima dos 75 anos, cheias de comorbidades, e com algum grau de deficiência imunológica.
Dessa forma, o ato de se vacinar pode ser determinante para atravessar a nova onda sem sobressaltos.
— A doença existe e continua circulando. Tem uma nova subvariante que vai gerar a doença. Se estivermos adequadamente protegidos, isso não será grave — conclui.
Saiba mais
O aumento moderado de casos de SRAG na tendência de longo prazo está presente em 12 de 27 Estados — Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. A análise se baseia nos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 14 de novembro.
Os dados indicam crescimento dos casos positivos para Sars-CoV-2 (covid-19), em especial entre os adultos. A prevalência entre os registros positivos para vírus respiratórios, no período correspondente às últimas quatro semanas epidemiológicas, foi de 10,3% para influenza A; 0,3% para influenza B; 24,2% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 47% Sars-CoV-2. Por sua vez, a presença dos mesmos vírus entre os positivos que foram a óbito foi de 4,1% para influenza A; 0,0% para influenza B; 1,4% para VSR; e 83,6% Sars-CoV-2.
O pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes ressalta que a melhor forma de proteção é associar a vacinação nos postos de saúde com o uso de máscaras. A orientação é para a população conferir quantas doses já foram indicadas para seu perfil, considerando-se a faixa etária e as condições de saúde, para que haja maior nível de proteção possível.
— A vacina é muito importante para diminuir o risco de agravamento, mas seu papel é um pouco menor na transmissão. Por isso, é fundamental que se volte a usar boas máscaras em situações específicas. Ou seja, em transporte público, locais fechados e situações com muita gente em um espaço relativamente pequeno. É vacina no braço e máscara no rosto — aconselha o coordenador do InfoGripe.