A Argentina registrou no último fim de semana a quarta vítima fatal de uma pneumonia até então de origem desconhecida que foi identificada em nove pessoas ligadas a um mesmo hospital privado da região de Tucumán. Nesta segunda-feira (5), a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou, no entanto, que os exames laboratoriais apontaram para a presença da bactéria Legionella pneumophila, causadora da legionelose ou doença dos legionários, nos pacientes infectados.
As 11 pessoas diagnosticadas com a doença estavam em um hospital privado no município de San Miguel de Tucumán, na região de Tucuman, entre os dias 18 e 25 de agosto. Elas apresentaram febre, pneumonia bilateral, mialgia (dor muscular), dor abdominal e dispneia (falta de ar ou dificuldade de respirar).
Do total de pacientes diagnosticados, oito trabalhavam no Hospital Luz Medica S. A. e três eram pacientes da instituição. Dentre as quatro mortes, três foram de profissionais da saúde e a outra de uma mulher de 70 anos que estava internada no local. Todas as vítimas fatais tinham alguma comorbidade ou fator de risco prévio à infecção, segundo a OMS.
O diagnóstico para a legionelose ou doença dos legionários só foi possível depois que os agentes de saúde sequenciaram o DNA das amostras colhidas. A OMS apontou que os resultados laboratoriais são compatíveis com a doença, mas que ainda serão conduzidos testes mais amplos de hemocultura e soroconversão para complementar o quadro infeccioso dos pacientes.
Segundo a organização, legionelose é uma forma genérica de denominar qualquer infecção pulmonar ou não-pulmonar causada pelas bactérias do tipo Legionella. O grau de severidade dos quadros pode variar do médio ao sério e, por vezes, levar à morte. Apesar de ser incomum e ter um índice de mortalidade que varia entre 5% a 10%, a doença está associada à transmissão comunitária e/ou hospitalar e pode levar a "surtos de importância sanitária pública".
O período de incubação da legionelose é de dois a 16 dias após contato com a bactéria. Os sintomas incluem febre, tosse, perda de apetite, dor de cabeça, mal-estar, letargia, dor muscular, diarreia e confusão mental. A doença tende a piorar durante a primeira semana e pode rapidamente desenvolver-se para uma forma fatal de pneumonia, o que vai depender do tratamento e da existência de riscos prévios à saúde do paciente.
A principal forma de transmissão da bactéria é pela inalação de aerossóis com fontes de água contaminadas, especialmente por ar condicionado, umidificador de ar e produtos similares de origem industrial. A OMS frisou que até o momento não foi registrado nenhum contágio de uma pessoa para a outra.
As autoridades sanitárias da Argentina afirmaram que estão investigando a transmissão da bactéria no "cluster", procurando novos casos e rastreando os contatos de quem foi infectado na tentativa de limitar o espalhamento da doença. As atividades do hospital em que os pacientes contraíram a bactéria também foram suspensas.