A prefeitura de Porto Alegre realizou, no sábado (6), mais um mutirão para melhorar os indicadores de exames citopatológicos em mulheres atendidas pela rede pública de saúde. Durante o dia, foram feitos 620 testes em 31 postos da Capital, que permaneceram abertos das 9h às 16h exclusivamente para prestar esse serviço.
O exame citopatológico é um teste que deve ser feito pelas mulheres anualmente para detectar alterações nas células do colo do útero que possam indicar a presença de lesões precursoras de um tumor ou do próprio câncer. O objetivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é alertar para a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença.
De acordo com a diretora da Atenção Primária à Saúde (APS) da SMS Caroline Schirmer, esse foi o terceiro sábado de mobilização, a fim de facilitar o acesso ao exame àquelas mulheres que têm pouco tempo em dias de semana. No primeiro sábado em que unidades de saúde ofereceram o serviço, foram 800 testes e, no segundo, mais de 1 mil.
As ações de conscientização iniciaram na penúltima semana de julho, quando a pasta percebeu a baixa procura pelos exames citopatológicos — que já não era muito alta, mas piorou com a pandemia de covid-19. Caroline aponta que, das 248 mil mulheres entre 25 e 64 anos cadastradas no sistema da SMS, apenas 14 mil tinham feito o teste entre janeiro e junho deste ano, o que representa cerca de 5% do público:
— Esse dado é muito aquém do que a gente esperava que tivesse realizado. Precisaríamos, nesse período de janeiro a junho, ter coletado pelo menos 40 mil citopatológicos, mas só tínhamos coletado 14 mil. Então, era menos do que a metade.
Desde o início das ações, já foram realizados cerca de 5,5 mil exames na Capital, considerando os números dos três sábados e dos dias de semana. Na avaliação da diretora da APS, o retorno tem sido muito positivo e, por isso, a medida deve se estender ao menos pelos próximos dois sábados.
Durante a semana, sempre é possível realizar o exame nas unidades de saúde, sendo que 16 postos oferecem o serviço das 18h às 22h para toda a população feminina.
Números do Estado
A estimativa é de que o câncer do colo do útero atinja 300 de cada 100 mil mulheres no Rio Grande do Sul. Na Capital, o registro é de 80 a cada 100 mil. Segundo a diretora da APS, quanto antes a doença for diagnosticada, menos mutilações ocorrem na paciente.
— Porto Alegre está no ranking de diversas doenças, o que nos preocupa enquanto saúde pública, mas temos trabalhado para fazer ações de diagnóstico precoce e tentar prevenir a propagação de doenças transmissíveis — comenta Caroline.
Quando detectada alguma lesão suspeita, a prefeitura de Porto Alegre, por meio da Atenção Primária em Saúde, faz o encaminhamento da paciente para a realização dos exames. Depois, o tratamento é feito dentro de hospitais que são referência no atendimento a mulheres.
Vacina do HPV
Caroline chama a atenção para disponibilidade de vacinas contra o HPV em todas as unidades de saúde da Capital, que apresentam baixa procura. Pelo serviço público de saúde, o imunizante é ofertado para meninas entre nove e 14 anos e para meninos de nove a 12 anos. A aplicação em mulheres que ainda não estão ativas sexualmente é capaz de impedir o aparecimento de quadros graves de saúde na vida adulta, explica a profissional:
— Estudos apontam que a vacina do HPV previne o câncer do colo do útero em até 87% dos casos quando aplicada antes do início da vida sexual. É uma questão que queríamos ampliar muito, porque há muitos casos de sexo desprotegido, o que aumenta a transmissão do HPV e favorece o aparecimento de lesões de câncer.