Cerca de 266 mil doses de vacinas AstraZeneca estão prestes a vencer no Rio Grande do Sul. O prazo de validade termina na próxima quarta-feira (3). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), os imunizantes contra covid-19 chegaram do Ministério da Saúde no dia 1º de julho e ficarão disponíveis até a data limite.
A chefe da Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, explica que nesses casos as doses não são automaticamente descartadas. Há orientação para que municípios e Estados priorizem o uso dessas vacinas até o prazo e depois mantenham o armazenamento para aguardar um comunicado da Anvisa sobre uma possível prorrogação. Segundo Tani, isso já ocorreu outras vezes após uma análise que certifica que os imunizantes ainda são totalmente eficazes na prevenção.
— Claro que não é uma rotina, porque o Ministério da Saúde compra imunizantes para que eles sejam utilizados, pensando em um planejamento de acordo com a execução pela rede nacional. Mas, nesse caso, de ter uma vacina cuja evasão não foi a planejada, sempre existe essa possibilidade de ser estendido esse prazo, desde que eles fiquem armazenados entre dois a oito graus, no caso da vacina AstraZeneca — explica.
Segundo a especialista, o comunicado para estender ou não o prazo ocorre perto da data de vencimento. Se isso não acontecer, as doses são descartadas pelos municípios e pelo Estado. O vencimento não compromete o envio de novos lotes e não altera o calendário de vacinação.
A SES não informou a quantidade de vacinas que precisaram ser descartadas por prazo de validade desde o começo da pandemia. De acordo com a chefe da Vigilância Epidemiológica, a quantidade é "pequena" e seria preciso fazer um levantamento com cada cidade gaúcha.
Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 668.172 pessoas com a segunda dose em atraso. Com relação à terceira aplicação, são mais de 2,6 milhões de gaúchos que não retornaram para vacinar, e mais de 2,3 milhões com a quarta dose pendente. Com exceção das crianças, adolescentes e gestantes, todos os outros públicos poderiam receber AstraZeneca.
— Não acho que seja uma rejeição em cima da vacina AstraZeneca propriamente dita, acho que é mais uma falta de adesão de um grupo da população por múltiplas causas — salienta Tani.
Conforme o painel de imunizações da secretaria, entre a população que pode se vacinar no Estado, 93,7% receberam ao menos uma dose de vacina contra covid-19, 86,6% estão com esquema vacinal primário (duas aplicações) e 60,3% estão com esquema vacinal completo (doses de reforço).
O cruzamento de dados feito pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) indica que o esquema vacinal completo contra a covid-19 evitou a morte de 4.722 pessoas em um ano no Rio Grande do Sul. A faixa etária em que mais vidas foram poupadas é de quem tem 60 anos ou mais e representa 89,61% do total por ano. Na sequência, estão as faixas etárias dos 40 a 59 anos, que equivale a 9,30% das mortes evitadas, e dos 12 aos 39 anos, que tem 1,07%.