Um homem de 66 anos que foi diagnosticado em 1998 com HIV foi curado, anunciaram médicos dos Estados Unidos nesta quarta-feira (27). Ele recebeu um transplante de medula óssea de um doador com uma mutação genética rara que torna as pessoas resistentes à maioria das cepas de infecção pelo HIV. Esse seria o quarto caso de cura da doença no mundo.
De acordo com o hospital City of Hope, onde o paciente foi tratado, na Califórnia, o homem viveu com HIV por mais de 31 anos, período mais longo do que dos três pacientes anteriores que entraram em remissão. O transplante foi feito em 2019 para tratar uma leucemia. Aos 63 anos na época do procedimento, ele também foi o paciente mais velho com HIV e câncer no sangue a se submeter a esse tratamento e alcançar a remissão de ambas condições.
O doador das de células-tronco era portador do homozigoto Mutação CCR5 delta 32, uma condição genética que torna as pessoas resistentes à maioria das cepas de infecção pelo HIV. A explicação para isso é que o CCR5 é um receptor nas células imunes CD4+, e o HIV usa esse receptor para entrar e atacar o sistema imunológico. É aí que a mutação CCR5 "entra em ação" e bloqueia esse caminho, o que impede a replicação do HIV.
"Como este paciente foi o mais velho a receber um transplante de células-tronco, viveu mais tempo com HIV antes de seu transplante e recebeu a terapia menos imunossupressora, agora temos evidências de que, se o doador de células-tronco certo for encontrado para pacientes que vivem com HIV que desenvolvem câncer no sangue, podemos usar opções de regime de quimioterapia mais recentes e menos intensivas para tentar alcançar uma remissão dupla. Isso pode abrir novas oportunidades para pacientes mais velhos que vivem com HIV e câncer no sangue" afirmou, em comunicado divulgado pelo hospital, Jana K. Dickter , professora associada do City of Hope.
Segundo o hospital, o paciente não mostrou nenhuma evidência de ter o vírus HIV replicante em seu corpo. Ele parou de tomar os medicamentos contra o vírus em março de 2021. O centro de saúde informou que, pelo quadro, ele poderia ter interrompido a terapia mais cedo, mas desejou esperar a vacina contra a covid-19.
— Quando fui diagnosticado com HIV em 1988, como muitos outros, pensei que era uma sentença de morte. Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV — relatou o paciente, que preferiu não ser identificado, em entrevista à BBC.