As hepatites virais são doenças provocadas por vírus que causam a inflamação do fígado. Existem cinco principais tipos de hepatites por vírus hepatotrópicos, que atacam preferencialmente esse órgão: A, B, C, D e E.
Cada uma das hepatites tem suas particularidades, ou seja, variam muito em relação à transmissão e à possibilidade de evolução clínica. No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
O mês de julho é escolhido para ser a data de conscientização e divulgação de como é identificada a doença assim como o tratamento, incentivando ações no Julho Amarelo. Em Porto Alegre, por exemplo, a prefeitura intensifica, neste final de semana, ações de testagem rápida da população. No sábado (9), das 9h às 13h, o ônibus da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) estaciona na Feira dos Agricultores Ecologistas, das 9h às 13h. Já no domingo, no mesmo horário, estará no Parque Farroupilha, perto do Monumento ao Expedicionário.
Além de ser encontrado em laboratórios privados, os testes rápidos também são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para toda população da Capital de segunda a sexta-feira, em 132 unidades de saúde e no Serviço de Atendimento Especializado Santa Marta (SAE), localizado na rua Capitão Montanha, 27. Veja abaixo os tipos de hepatite, as características e como é a transmissão:
Hepatite A
É provocada por um vírus de transmissão oral-fecal – ou seja, é ingerido por meio de água ou de alimentos contaminados e eliminado pelas fezes. Trata-se de uma doença autolimitada, que não é curada com medicamentos e que se apresenta de forma aguda, não tendo potencial para se tornar crônica. Além disso, pode não apresentar nenhum sintoma.
Em menos de 1% dos casos, pode se manifestar de forma fulminante, em que as células hepáticas morrem muito rápido e o fígado perde a função, levando o paciente a precisar de um transplante do órgão. Pode-se prevenir basicamente com medidas de higiene, como lavar bem as mãos e os alimentos.
Hepatite B
Tem transmissão sanguínea que, em adultos, se dá basicamente por relações sexuais desprotegidas ou exposição ao sangue contaminado. É considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST) e, em 90% das vezes, também pode transmitida por mulheres grávidas para os recém-nascidos. Por isso, durante o pré-natal é solicitado o exame para hepatite B e, caso tenha a doença, a mãe toma o medicamento para diminuir a carga viral e evitar a transmissão para o bebê. Cuidados especiais com o recém-nascido de mães portadoras da doença devem ser tomados logo após o parto a fim de evitar evolução para formas crônicas.
Diferentemente da hepatite A, pode se tornar crônica – quando o vírus não sai do corpo do paciente após seis meses de contaminação – e, a partir disso, evoluir para cirrose ou até mesmo câncer. Para evitar essa evolução, é necessário, na maioria das vezes, fazer acompanhamento e tratamento contínuo para o resto da vida. Em adultos saudáveis, essa condição ocorre de 5% a 10%, quando o tratamento antiviral a longo prazo pode ser indicado.
Hepatite C
É considerada o maior problema de saúde pública em relação às outras, pela sua frequência e porque se torna crônica em 80% dos casos. Tem transmissão sanguínea e é mais comum em pessoas que tenham feito transfusão de sangue antes de 1993, usuários de drogas ou que tenham compartilhado o uso de objetos cortantes. Em alguns casos também pode ser transmitida por relações sexuais desprotegidas.
Trata-se de uma doença silenciosa, que raramente apresenta sintomas e, por isso, na maioria das vezes é diagnosticada somente quando já está muito avançada. Apesar de ser uma doença curável, cerca de 30% dos pacientes com hepatite C desenvolvem cirrose, devido à demora no diagnóstico e tratamento.
Hepatite D
É uma doença considerada rara no Rio Grande do Sul, sendo mais frequente na bacia amazônica. O vírus D depende do B para sobreviver, então, normalmente a pessoa contaminada tem os dois tipos de hepatite. É considerada grave e tem grande possibilidade de evoluir para cirrose e câncer.
Hepatite E
É rara no Brasil e é semelhante à hepatite A. Sua transmissão dá-se de forma oral-fecal. Pode se tornar crônica em pacientes imunodeprimidos, principalmente que já realizaram transplante.
Manifestação clínica
Há duas principais formas de manifestação: aguda e crônica. A aguda pode ocorrer em qualquer um dos cinco tipos de hepatites virais e corresponde a um período de sete a 10 dias em que o paciente apresenta sintomas gerais, como cansaço, falta de apetite, febre e náuseas.
Normalmente, os sintomas diminuem quando a pessoa começa a ficar com icterícia, o chamado “amarelão”. Após alguns dias, ela passa a evoluir bem e fica assintomática – exceto nos casos de hepatite fulminante.
A fase crônica ocorre quando o paciente não se cura da hepatite em até seis meses, e a principal característica é não apresentar sintoma. As hepatites crônicas representam um grande risco porque evoluem de forma silenciosa e o paciente só percebe alguma manifestação – como barriga d’água ou hemorragia digestiva – quando a doença já está extremamente avançada e há pouca chance de cura.
Diagnóstico
Como costumam ser doenças silenciosas, o diagnóstico das hepatites virais deve ser feito a partir dos fatores de risco: se a pessoa fez transfusão de sangue antes de 1993, usou drogas, teve relações sexuais desprotegidas, colocou piercing ou fez tatuagem em locais insalubres, ela pode e deve solicitar os exames apropriados. Os testes para hepatites A, B e C são oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Prevenção e tratamento
A vacina para o vírus A é ofertada pelo SUS para crianças acima de um ano e para pessoas com outras doenças no fígado. São duas doses que garantem proteção de 100%. Para adultos saudáveis, a vacina pode ser feita em clínicas particulares. Já a vacina para o vírus B está disponível para todas as pessoas, independentemente de idade. São três doses com intervalo de 30 e 180 dias após a primeira dose.
O tratamento para as hepatites B e C também é oferecido pelo SUS de forma gratuita. Pacientes com o vírus B devem fazer tratamento contínuo pelo resto da vida. Já a hepatite C é tratada e curada, em mais de 95% dos casos, com a administração de um único comprido diário, durante 12 semanas.