Após três casos confirmados da varíola dos macacos no Brasil (um no Rio Grande do Sul e outros dois em São Paulo), o Ministério da Saúde está negociando a compra de vacinas que protegem contra a doença. A informação foi dada pelo secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, em entrevista ao portal Metrópoles. Nesta terça-feira (14), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a imunização de grupos prioritários.
De acordo com Medeiros, já foi realizada uma reunião com o laboratório que fabrica a vacina, e a aquisição é intermediada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Ele disse que a expectativa é que as doses cheguem ao país entre o terceiro e quarto trimestre deste ano, "provavelmente a partir de agosto", detalhou.
De acordo com a OMS, o recomendado é que se vacinem contra a varíola apenas os profissionais da saúde em risco, dando preferência para trabalhadores de laboratórios que terão contato com amostras contaminadas e pessoas que tiveram proximidade com pacientes infectados. De acordo com a entidade, não é necessário que haja vacinação em massa.
No caso de pessoas que tiveram contato com contaminados, a OMS indica a profilaxia pós-exposição (PEP), em que a vacina deve ser aplicada, preferencialmente, dentro de quatro dias após a primeira exposição, de forma a prevenir o início da doença. Caso o contatante não tenha apresentado sintomas, a vacina pode ser aplicada em até 14 dias.
A OMS recomenda o uso de vacinas de segunda e terceira geração, que seguem padrões atuais de segurança e fabricação.
Em entrevista à Rádio Gaúcha no dia 23 de maio, o médico geneticista Salmo Raskin, membro titular da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica e da Sociedade Brasileira de Pediatria, explicou que, embora a varíola dos macacos tenha um vírus diferente da varíola humana erradicada há mais de 40 anos, aquele imunizante aplicado em pessoas nascidas até o ano de 1979 poderia conferir algum grau de proteção contra a nova doença.
Mas os especialistas ainda não têm certeza de quanto é essa proteção.
— Essas pessoas estariam parcialmente protegidas. Eu digo parcialmente, por quê? Porque não protege 100% e porque meio século se passou desde o momento que essas pessoas receberam a vacina. E nesse meio século, como a gente até aprendeu agora com a história da covid-19, vai caindo a proteção. Como a varíola deixou de ser um problema importante quando ela foi erradicada, não se fizeram mais estudos para ver se as pessoas que receberam essa vacina há 50 anos ainda têm anticorpos e células protetoras.
Até o momento, três casos da varíola dos macacos foram confirmados no Brasil, sendo que um deles foi no Rio Grande do Sul.