O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) vai discutir com o Ministério Público (MP-RS) a situação do Hospital Universitário (HU) de Canoas, na Região Metropolitana. A instituição tem sido alvo de denúncias por problemas como falta de medicamentos, insumos e pessoas para o atendimento médico, além de equipamentos estragados, salários atrasados e até compra de material feita por parentes de pacientes internados. A reunião está marcada para a próxima quinta-feira (26).
O Simers encaminhou ao presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Canoas, o vereador Gilson Oliveira, recomendação para a imediata desabilitação do município da condição de gestor pleno dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). A gestão plena diz respeito às internações hospitalares de alta e média complexidade. O documento foi entregue durante vistoria realizada pelo Simers na segunda-feira (23) à emergência pediátrica do hospital.
O setor está fechado desde domingo (22) devido à falta de profissionais e de insumos básicos, como papel higiênico. O mesmo documento foi entregue ao superintendente do Ministério da Saúde no Rio Grande do Sul, Renato Airton Altmann, pela diretora do Simers, Luciana Mesko.
O Simers quer que a gestão do contrato passe a ser feita pelo governo do Estado, e não mais pela prefeitura de Canoas. Algo semelhante já ocorreu em janeiro com o Hospital de Pronto-Socorro de Canoas, em meio à troca da gestão responsável pelos hospitais, unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e centros de Atendimento Psicossocial (CAPs). Além disso, o Simers realizou dois contatos com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, para tratar da parte jurídica.
O vice-presidente do Simers, Marcelo Matias, comenta sobre uma denúncia recebida:
— Ao que parece, em toda a pediatria do Hospital Universitário, só tem um cateter venoso central. Por que isso é absolutamente fundamental? Porque há uma UTI, uma UTI neonatal e uma emergência. Não tem como se garantir segurança ao atendimento de crianças, especialmente em casos mais graves, com apenas um. No momento que gastar um, talvez para alguma criança falte. Podem estar colocando criança em risco de óbito em função de falta de estrutura — alerta.
Em reportagem publicada por GZH na segunda-feira (23), a Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam), administradora do HU, afirmou: "tivemos dificuldades com a aquisição de materiais, mas já estamos normalizando o estoque". A instituição disse, também, que os salários estão em dia.
Cremers também acompanhou vistoria ao HU
A vistoria da segunda-feira também contou com a participação do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers). O conselheiro Carlos Leonardo Tremea, do Departamento de Fiscalização do órgão, esclarece sobre a função do Conselho durante a vistoria à unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica:
— O que se verificou foi que o hospital encerrou as atividades momentaneamente, em função da falta de efetivo médico. Não estavam conseguindo pediatras capacitados para dar assistência à população. A função do Conselho é garantir que a população tenha médicos de qualidade e que esses profissionais tenham insumos adequados.
Reunião entre Funam e prefeitura
Nesta terça, o prefeito em exercício de Canoas, Nedy de Vargas Marques, se reuniu com o CEO da Funam, Ruy Muniz, e com os secretários de governo, para tratar sobre o hospital. O chefe do Executivo afirmou, na ocasião, que a prefeitura de Canoas está cumprindo com todas as suas obrigações previstas em contrato. Já a Funam salientou que necessita de adequações nos limites do contrato em vigência, firmado em 27 de janeiro de 2022, e se comprometeu em restabelecer os serviços e normalizar os estoques ainda nesta terça-feira (24).