Com a disseminação de casos de varíola dos macacos em diferentes continentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou o reforço de medidas não farmacológicas — como distanciamento, uso de máscaras e higienização —, principalmente em aeroportos e aeronaves. O pedido busca retardar a entrada do vírus no Brasil.
Desde o início do mês, ao menos 120 ocorrências da doença foram confirmadas em 15 países. O Ministério da Saúde instituiu ontem uma sala de situação para monitorar o cenário da ortopoxvirosis simia no Brasil.
No domingo, foram registrados casos suspeitos na Argentina. A varíola dos macacos é, na verdade, uma doença original de roedores silvestres, mas isolada inicialmente em macacos. É frequente na África, onde é considerada endêmica, mas de ocorrência muito rara em outros continentes.
Cientistas acreditam que o desequilíbrio ambiental esteja por trás do atual surto, mas não veem razão para pânico.
— Acho muito difícil que (a doença) não chegue aqui. — afirmou o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez — Mas se trata de uma doença considerada benigna.
Além disso, existem tratamento e vacinas. Segundo a Chefe da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, Anna Sara Levin, é necessário alerta.
— Essa transmissão pessoal é um pouco preocupante, temos de entender se houve uma adaptação do vírus ou contato muito intenso entre as pessoas.
Recomendações
Qualquer pessoa que apresente sintomas compatíveis (especialmente erupções cutâneas) e histórico de viagens para áreas onde há casos e/ou apresente alguma exposição de risco com casos suspeitos, prováveis ou confirmados, deve tomar medidas de isolamento social, como não ir à escola, trabalho ou eventos. Também deve implementar medidas de proteção respiratória (uso adequado de máscara, ambientes ventilados e distanciamento de outras pessoas) e consultar imediatamente o sistema de saúde.
Se uma pessoa teve contato de risco com um caso suspeito ou confirmado de varíola durante o período infeccioso, desde o início dos sintomas do caso até a queda de todas as crostas das lesões cutâneas, a OMS recomenda que a temperatura seja verificada duas vezes por dia e acompanhamento clínico-sanitário rigoroso por 21 dias. Em caso de erupção cutânea, o paciente deve ser isolado e avaliado como um caso suspeito, e uma amostra deve ser coletada para análise laboratorial.