A cidade chinesa de Xangai, confinada desde o início do mês, anunciou nesta quarta-feira (20) uma flexibilização cautelosa das medidas sanitárias restritivas, apesar do aumento do número de mortes provocadas pelo surto de covid-19, que afeta a economia do país.
O mal-estar domina entre muitos habitantes da capital econômica da China, exasperados pelas dificuldades de para obter alimentos durante o confinamento e com o isolamento forçado das pessoas que testam positivo para covid em centros de quarentena de conforto e higiene questionáveis.
Além disso, as medidas de confinamento, previstas inicialmente para quatro dias, provocaram problemas nas redes de abastecimento e paralisaram a produção de muitas empresas.
Diante do cenário, as autoridades municipais anunciaram nesta quarta-feira uma relativa flexibilização do confinamento domiciliar dos 25 milhões de habitantes, para que mais de 12 milhões deles possam sair de suas casas, mas sem autorização para deixar seus bairros.
O nível de deslocamento permitido geralmente depende da tolerância dos voluntários do Partido Comunista, que aplicam medidas anticovid com mais ou menos zelo.
A China defende sua estratégia de "covid zero" e mostra muita prudência diante dos contágios, especialmente entre idosos, pessoas vulneráveis e não vacinados.
As medidas, contudo, não conseguiram conter o foco da doença em Xangai, que registrou 18 mil novos casos nesta quarta-feira e sete mortes, todas de pessoas com comorbidades e cinco delas com mais de 70 anos.
Desde março, Xangai acumula mais de 400 mil infecções e 17 mortes provocadas pela doença, as primeiras delas anunciadas na última segunda-feira. O balanço oficial de mortes é pequeno em relação ao número de casos, mas alguns analistas questionam os números, especialmente pelo fato de a população de idade avançada da China apresentar baixos níveis de vacinação.
Como comparação, Hong Kong, onde a população idosa também apresenta reduzido índice de vacinação, registrou quase 9 mil mortes em um total de 1,18 milhão de casos pelo surto da variante Ômicron iniciado em janeiro.
A estratégia "covid zero", que inclui confinamentos rígidos, testes em larga escala e restrições nas fronteiras, permitiu à China registrar níveis reduzidos de infecção na comparação com a maioria dos países, que agora apostam em conviver com o vírus.
As medidas, no entanto, provocam um impacto nos transportes e fábricas, o que levou as autoridades a elaborar uma "lista branca" de indústrias e empresas cruciais que devem prosseguir com as atividades.
Mais de 600 grupos selecionados ficam em Xangai, principal motor econômico do país. A cidade também abriga uma fábrica da empresa americana Tesla, que retomou na terça-feira a produção após 20 dias de suspensão.
O trabalho também está sendo retomado no nordeste do país, berço de sua indústria automobilística, onde dezenas de milhões de pessoas permaneceram confinadas nas últimas semanas.