Apesar de a grande infestação do Aedes aegypti provocar surtos de dengue no Estado, é baixo o risco de o mosquito também levar a um aumento significativo dos casos de zika, doença que gera receio por estar ligada à microcefalia em bebês, ou mesmo de chikungunya. Isso porque, de acordo com especialistas, a chance de ocorrer transmissão simultânea dos vírus é rara.
O entendimento dos analistas encontra respaldo no mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que abrange de 3 a 9 de abril. De 34 casos notificados de zika, apenas um se confirmou, até o momento. Trata-se de um paciente no município de Encantado, no Vale do Taquari. Em Porto Alegre, houve duas suspeitas, sendo que uma já foi descartada e a outra segue em investigação. A chikungunya tem 21 casos confirmados.
A dengue, por outro lado, atinge patamares inéditos no Rio Grande do Sul. Até 12 de abril, foram contabilizados 7.982 casos da doença, sendo que cinco pessoas já morreram. No mesmo período do ano passado, foram 3,9 mil casos e três mortes.
O medo da zika é grande pelo impacto que a doença gera nas pessoas, lembra o infectologista Eduardo Sprinz, chefe da Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Ao infectar grávidas, o vírus pode ser transmitido para bebês e provocar microcefalia, que danifica a formação do cérebro.
Ainda assim, garante o médico, é um vírus com menor circulação do que a dengue, doença já adaptada no ser humano.
— Temos informações de que o vírus da dengue existe há séculos. Já a zika é mais nova e não está tão bem adaptada — diz.
Segundo o virologista Fernando Spilki, até é possível que haja transmissão de dengue e zika ao mesmo tempo, já que são passadas pelo mesmo mosquito, mas é algo incomum de acontecer.
— As condições para transmissão da zika existem, já que são similares às condições necessárias para a transmissão da dengue, mas não é normal. A dengue sempre acaba prevalecendo — diz.