Depois de dois adiamentos, o fechamento nacional de unidades de tratamento intensivo (UTIs) por parte do Ministério da Saúde foi colocado em prática no início de março, levando a uma redução total de 742 leitos no Rio Grande do Sul.
Esse número é resultado do fechamento de 1.047 leitos em UTIs específicos para atendimento de pacientes com covid-19, por um lado, e pela criação de 315 vagas permanentes em UTIs no Estado, por outro.
O encerramento dos 1.047 leitos covid-19 foi inicialmente previsto pelo governo federal para 31 de dezembro de 2021. A chegada da Ômicron e os pedidos de governadores e prefeitos adiaram a medida, primeiro, para 31 de janeiro e, por fim, para 28 de fevereiro. Desde 1º de março, Estados e municípios não contam mais com o financiamento desses leitos covid.
O momento é considerado seguro, pelo governo do Estado, para a redução de leitos.
— Entendemos que hoje estamos em uma situação mais adequada. A maioria das internações em UTIs são de outros agravos, e não por covid — diz a diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada da Secretaria Estadual da Saúde, Lisiane Fagundes.
O Rio Grande do Sul conta, após o fechamento das vagas covid, com um total de 1.450 leitos públicos de UTI. Desse total, 202 são pediátricos. Esse número deixa o Estado dentro dos parâmetros recomendados internacionalmente.
— Estamos dentro do que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ficamos com um leito para cada 7.750 habitantes, aproximadamente, no Rio Grande do Sul. Ainda temos algumas macrorregiões que precisam de ampliação de leitos — explica Lisiane.
A coordenadora do Grupo de Trabalho para o Enfrentamento ao Coronavírus no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Beatriz Schaan, também entende que há segurança, neste momento, para fechar os leitos de UTI, e acrescenta que a manutenção da queda nas internações depende do avanço da vacinação.
— Enxergo que é um momento de segurança. Estamos em um momento bom de redução de casos. A gente não visualiza que em algumas semanas possa ocorrer o recrudescimento da pandemia. Mas ninguém tem certeza. Acho que no curto e no médio prazo é seguro o fechamento. Se precisarmos, temos equipamentos para reabrir leitos. Nosso grande problema em uma eventual reabertura são os recursos humanos — afirma Beatriz.
O Hospital de Clínicas teve um aumento de 135 leitos de UTI, no auge da pandemia – posições que já foram encerradas com a melhora nos indicadores. Como legado, a instituição hospitalar ficou com 20 leitos a mais do que antes da pandemia.