Um dos indicadores mais importantes para apontar o rumo da pandemia vem apresentando forte tendência de queda no Rio Grande do Sul.
A quantidade de novas internações por coronavírus em leitos hospitalares clínicos ou intensivos (UTIs) recuou 63% em duas semanas, conforme registros do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) tabulados pelo Comitê de Dados do governo estadual.
As notificações de entrada de pacientes caíram de um acumulado semanal de 1.291 pessoas até o dia 26 de fevereiro para 481 no sábado (12), última data com informações disponíveis.
Esse é um indicador importante para medir a pressão de entrada de novos doentes no sistema de saúde e, por consequência, o impacto da circulação do vírus. Outros números importantes para monitorar a pandemia, como a quantidade de pacientes hospitalizados em uma determinada data, podem ser influenciados também pela quantidade de óbitos ou de altas no mesmo período.
Uma queda no fluxo de ingresso nos hospitais tende, em um momento posterior, a se refletir em menor estoque de doentes acamados, menos casos graves e, ao final da cadeia de atendimento, redução de óbitos.
— São dados promissores. Vemos isso com ótimos olhos, até porque a queda está se mostrando constante, uma tendência de fato de redução na circulação do vírus — afirma o epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry.
Essa tendência de recuo se repete no número de pessoas internadas, mas de forma mais suave até o momento – nas últimas duas semanas anteriores a esse domingo, a cifra de doentes em leitos de enfermagem diminuiu 42%, e em UTIs, 40%. Os últimos dados disponíveis indicavam 433 pessoas com coronavírus em setores de enfermaria, e 267 sob terapia intensiva.
Já os dados do Sivep-Gripe indicam uma queda brusca nas novas hospitalizações por covid entre 28 de fevereiro e 1º de março, mas essa variação pode ser decorrente do feriadão de Carnaval – o que acaba atrasando o registro de entrada dos pacientes. Depois disso, houve um leve aumento (possivelmente em razão da entrada dos dados anteriormente represados) e, desde a quarta-feira da semana passada (9), as notificações voltaram a cair.
Petry avalia que a progressiva liberação de máscaras em locais abertos é uma medida razoável diante desse panorama, mas afirma que será importante seguir monitorando os indicadores e lembra que pessoas mais suscetíveis como idosos ou com comorbidades podem continuar usando a proteção para reduzir ainda mais os níveis de risco:
— Ainda sou contra liberar em lugares fechados porque a pandemia ainda não acabou. E temos de seguir monitorando a situação, porque a Europa já liberou máscaras, por exemplo, e depois teve de voltar atrás.
Médias de casos e de óbitos apresentam queda
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) contabilizou seis novos óbitos em razão da pandemia neste domingo, totalizando 38.714 vítimas. Foram observados ainda mais 1.172 casos, somando 2.216.561 pessoas que se contaminaram no Estado desde o início da pandemia.
Com os novos registros, a média semanal de mortes ficou em 31,3 notificações diárias – recuo de 37% em comparação a duas semanas antes. A cifra de novos casos também apresentou recuo na média móvel – diminuição de 42,6% no mesmo período.
Do universo de todos os gaúchos que se infectaram desde o começo da pandemia, 97% dos doentes já se recuperaram, e 1,7% morreram. O restante segue em acompanhamento.