O Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou dois casos da linhagem BA.2 da variante Ômicron, nos Estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina. A descoberta foi feita por meio da técnica de sequenciamento genético e a informação foi divulgada neste sábado (5). A linhagem que rapidamente se tornou dominante na Dinamarca, pode ser mais contagiosa do que a mais comum, a BA.1.
A confirmação foi realizada pelo Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo (IOC/Fiocruz), um centro de referência nacional em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde e que atua no mapeamento de genomas do vírus desde o início da pandemia. O laboratório integra a Rede Genômica Fiocruz.
Segundo o instituto, o diagnóstico inicial foi feito nos Estados por meio do exame RT-PCR. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do IOC/Fiocruz para a realização do sequenciamento genômico, o que confirmou a presença da subvariante BA.2. Os resultados finais foram informados às secretarias de Saúde dos dois Estados e ao Ministério da Saúde, de acordo com os protocolos de referência.
A Secretaria de Saúde de São Paulo também informou que identificou dois casos do subtipo BA.2 da variante Ômicron na última semana, nas cidades de Sorocaba e Guarulhos.
Mutação da Ômicron
A linhagem BA.2 da Ômicron é uma mutação do vírus Sars-Cov-2, causador da covid-19, detectada em novembro do ano passado. Ela tem cerca de 20 mutações diferentes com relação à BA.1, primeira identificada, e já foi detectada em mais de 50 países, mas chamou atenção particularmente na Dinamarca.
Isso porque, em território dinamarquês, desde a segunda semana de janeiro, o subtipo se tornou prevalente. Estudos preliminares do do Statens Serum Institut (SSI), principal autoridade de doenças infecciosas da Dinamarca, indicaram que a linhagem pode ser 1,5 vezes mais infecciosa que a BA.1. Porém, a análise inicial do instituto não identificou diferença no risco de internação.
Diferentemente da variante Ômicron com a Delta, o subtipo não apresenta mutações na estrutura genética que a distinguem de maneira relevante da linhagem identificada na África do Sul. Por isso, é considerada uma "irmã" da BA.1 e não é classificada até o momento como uma nova variante de preocupação.
Para especialistas, a aparição da subvariante e a sua prevalência mostram um comportamento esperado dos vírus, que sofrem contínuas mutações. Isso aconteceu anteriormente com outras variantes (a Delta tem mais de 120 linhagens identificadas pelos cientistas, por exemplo) e vai continuar acontecendo com a Ômicron. No entanto, não significa necessariamente que todos os subtipos vão causar um impacto na saúde pública, como causou a Gama (variante de Manaus), a Delta e, agora, a Ômicron.