A publicação dos resultados de estudos sobre a experiência do Chile com a aplicação da CoronaVac em crianças de três a cinco anos é considerada fundamental para que a vacina possa ganhar confiabilidade e, consequentemente, espaço em outros países. No Brasil, nesta quinta-feira (20), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do imunizante para a faixa etária entre seis e 17 anos.
A população chilena utilizou amplamente a vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac. Desde 6 de dezembro de 2021, o país sul-americano aplica a CoronaVac também no público infantil abaixo de seis anos. É justamente essa faixa etária que foi vetada pela Anvisa no pedido encaminhado pelo Instituto Butantan, parceiro da Sinovac para produção do imunizante no Brasil.
A médica infectologista Andréa Dal Bó, membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia, vê “com bons olhos” a CoronaVac para crianças.
– Dá menos reação e uma boa proteção. No idoso, tem eficácia menor, porque produz menos anticorpos. É natural o idoso ter uma resposta vacinal menor, diferentemente da criança. Qualquer vacina que você fizer na criança vai responder bem – compara Andréa.
A China também utiliza o imunizante para quem tem a partir de três anos, mas os estudos clínicos de fase 3 (última etapa) contaram com número pequeno de participantes, argumenta Andréa.
– O Chile vai ser o grande divisor de águas para a decisão sobre a CoronaVac a partir de três anos – acredita a médica.
Diante da onda avassaladora da variante Ômicron, e enquanto os pequenos abaixo dos seis anos não estiverem habilitados a se vacinar contra a covid-19, Andréa recomenda que sejam mantidos os cuidados já bem conhecidos de outros momentos críticos da pandemia: usar máscara bem ajustada ao rosto, manter distanciamento entre pessoas, evitar receber visitantes em casa, não frequentar eventos e aglomerações. Todos os familiares aptos a se vacinar contra a doença devem manter o esquema em dia, o que ajuda a proteger quem ainda não pode se imunizar.
– É o que dá para fazer para proteger as crianças – sintetiza a infectologista.
Quanto à programações típicas de férias de verão, como viagens para a praia e idas a clubes com piscina, o mais recomendado é deixar para outro período e refazer planos.
– São locais onde as pessoas ficam sem máscara – justifica.
A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta Andréa, é para que crianças usem máscara a partir dos três anos. Uma boa combinação, sugere, é uma máscara de pano por cima de uma do tipo cirúrgica. Quem tolerar ficar com acessórios do tipo PFF2, N95 ou KN95 – de estrutura mais rígida, porém mais protetores – pode utilizá-los.