O médico gaúcho Marcelo Cypel, que mora e trabalha no Canadá, disse ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (14), que a experiência do país vacinando crianças trouxe maior proteção contra o coronavírus em meio à onda de casos da variante Ômicron.
Segundo Cypel, 70% das crianças de cinco a 11 anos já estão imunizadas, e nenhum caso de complicação grave foi registrado no país.
— É importante vacinar essa faixa (de cinco a 11 anos) porque é a que mais está vulnerável, junto com os adultos não vacinados. Esses não vacinados estão causando problemas em outros serviços hospitalares, atrasando até as cirurgias eletivas — disse o médico.
Cypel contou ainda que no Canadá as aulas voltaram normalmente para as crianças. Porém, medidas restritivas foram adotadas e mantidas, como o uso de máscara em qualquer ambiente e a realização de testagem rápida duas vezes por semana. Além disso, as escolas devem oferecer um sistema de ventilação e cobrar a vacinação das crianças que frequentam o ambiente.
— É possível manter as escolas seguras, mas deve se ter um grau de preparação para diminuir o risco de contágio e transmissão neste ambiente. Obviamente a escola presencial tem benefícios enormes do ponto de vista de saúde mental para essas crianças e devem se manter abertas o máximo possível — opinou.
No Brasil, o Ministério da saúde recebeu, na quinta-feira (13), o primeiro lote da Pfizer de vacina para crianças. Ao Rio Grande do Sul, o governo enviou 59 mil doses dos imunizantes que serão usados na faixa entre cinco e 11 anos. A vacinação para este grupo começará na próxima quarta-feira, dia 19.
Ômicron no país
O médico destacou também que o avanço da Ômicron se deu, especialmente, devido ao relaxamento das medidas de controle durante as festas de fim de ano . Segundo o médico, o número de jovens internados se agravou — a maioria não havia se vacinado.
— A gente vê aqui o que foi visto na maioria dos países: um aumento expressivo de casos. Antes dessa nova onda, eu não conhecia ninguém infectado pela covid. Agora, conheço umas 30 pessoas, e isso se deve à essa variante (Ômicron) que infecta mais rápido — disse.
— Nas nossas UTIs, dois terços das pessoas internadas são não vacinadas. Grande parte são jovens e sem comorbidades. A Ômicron age nessas pessoas assim como a Delta. A pressão nos hospitais está muito grande. Não vimos essa pressão antes como está agora — completou.