A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reúne nesta segunda-feira (17), às 17h, com o Instituto Butantan, para avançar na análise do uso da Coronavac em crianças e adolescentes de três a 17 anos. A reunião faz parte de uma série de encontros que a agência reguladora vem fazendo após o pedido de uso emergencial do imunizante contra a covid-19 nessa faixa etária.
Na semana passada, a Anvisa se reuniu com pesquisadores chilenos, técnicos do laboratório chinês Sinovac e representantes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) para discutir o assunto. No encontro, foram apresentados e analisados dados de pesquisas e estudos feitos pelo governo do Chile durante a aplicação da vacina Coronavac em crianças e adolescentes no país.
Técnicos da Gerência-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa seguem analisando a documentação entregue pelo Butantan e a avaliação já está entrando na fase final. Eles também vão levar em consideração a opinião de sociedades médicas para a elaboração do relatório que vai dar um parecer sobre a aplicação da vacina em crianças e adolescentes.
Como o uso da Coronavac ainda é emergencial, a decisão precisa ser votada entre os diretores da agência reguladora, em uma reunião ainda sem data marcada. O processo é diferente quando o imunizante tem registro definitivo, como é o caso da Pfizer: a aprovação da vacina da farmacêutica para crianças de cinco a 11 anos, no dia 16 de dezembro, ocorreu sem necessidade de votação entre o colegiado, apenas com análise da área técnica, anúncio da decisão e publicação no Diário Oficial da União (DOU).
Sem citar diretamente o nome da vacina fabricada pelo Butantan, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta segunda, que, havendo aprovação da Anvisa, “o ministério vai usar o inteiro teor dessa aprovação para que essa ou qualquer outra vacina que seja aprovada para qualquer faixa etária seja disponibilizada para a população brasileira”, disse em entrevista à CNN.
Nos bastidores, membros do Ministério da Saúde tentam convencer Queiroga a comprar o imunizante do Butantan para uso nas crianças, caso haja aprovação na Anvisa. Isso porque o titular da pasta já havia afirmado, publicamente que, a partir de agora, o governo federal só iria adquirir vacinas covid-19 com registro definitivo na agência reguladora – é o caso da Pfizer e da vacina da AstraZeneca, fabricada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O governo brasileiro adquiriu junto ao Butantan 100 milhões de doses do imunizante em 2021, o primeiro usado no Brasil no início da vacinação contra o coronavírus, há exatamente um ano. A Coronavac foi alvo de uma disputa política envolvendo a imunização entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato à presidência da República pelo PSDB.