Instituído em 1987 com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), o 1º de dezembro marca o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. No Brasil, a data é reconhecida desde 1988. Apesar do vírus ter sido identificado em 1981, a hipótese mais aceita é que ele tenha aparecido nos anos 1930, mesmo que alguns cientistas defendam que possa ter surgido séculos atrás.
De acordo com um artigo do Dr. Dráuzio Varella, atualmente, é de concordância que a descoberta do vírus HIV é dos virologistas Luc Montagnier e Robert Gallo, apesar de ainda haver controvérsias. Em 1984, quase que simultaneamente, Montagnier, então no Instituto Pasteur de Paris, e Gallo, do Instituto Nacional do Câncer (INC) dos Estados Unidos, anunciaram a descoberta do vírus causador da aids. Três anos mais tarde, se descobriu que as amostras de vírus de Gallo derivavam das de Montagnier – os dois haviam trocado material enquanto tentavam identificar o vírus da misteriosa e letal doença que destruía o sistema imunológico de suas vítimas.
A doença havia sido observada clinicamente pela primeira vez em 1981, nos Estados Unidos. Os casos iniciais ocorreram em um grupo de usuários de drogas injetáveis e de homens homossexuais que estavam com a imunidade comprometida sem motivo aparente.
Acredita-se que a origem da aids tenha ligação com um vírus chamado SIV, encontrado no sistema imunológico dos chimpanzés e do macaco-verde africano – espécies predominantes na área central da África, região de Camarões, Senegal e Costa do Marfim. Mesmo não deixando os animais doentes, esse vírus é altamente mutante, sendo o ponto de origem do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, em inglês), que, se não controlado, provoca a aids.
E como um vírus de macaco acabou entrando em contato com os seres humanos?
O mais provável é que o início tenha ligação com tribos africanas que caçavam e domesticavam esses animais. Pelo fato de os vetores de contágio serem relativamente restritos (relações sexuais, contato com sangue contaminado e de mãe para filho), uma possibilidade é que os caçadores entraram em contato direto com o sangue dessas espécies de primatas no momento de fazer a limpeza da carne.
Essa não é a única doença contraída pela humanidade que teve como ponto de partida o contato com animais. Outros exemplos são a gripe aviária, a gripe suína e, mais recentemente, pesquisas indicam que a covid-19 também.
Mas como uma doença que era restrita a pequenos grupos acabou se espalhando pelo mundo?
Entre as hipóteses levantadas está a das sucessivas guerras de independência, ocorridas entre os anos 1960 e 1970, na África. Mercenários teriam tido contado com o vírus e ajudado a espalhá-lo pelo mundo. Além disso, haitianos levados para trabalhar na República Democrática do Congo nos anos 1980 também teriam ajudado tido contato com o vírus.
Outra visão defende que práticas médicas inseguras no continente, após a Segunda Guerra Mundial, permitiram que o vírus se espalhasse. Essa possibilidade corrobora com uma pesquisa conduzida pela Royal Society of Medicine, do Reino Unido, que revelou, em 2009, que 20% das infecções na África eram causadas por agulhas contaminadas.
Dados de 2020 do Ministério da Saúde apontam que, atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. De acordo com o Unaids, órgão da ONU dedicado ao combate à doença, no mundo, 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV no ano passado.