Desde o início de outubro, moradores de Recife, capital do Pernambuco, relatam quadros de lesões na pele, acompanhadas de coceira. Conforme a Secretaria de Saúde do município, até quinta-feira (25), 149 ocorrências foram registradas na cidade. O caso se expandiu para Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Paulista, Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca e soma cerca de 199 casos na região do Grande Recife, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Recife. A região, junto com a capital, é um das que mais recebe turista no Nordeste.
A maior parte dos pacientes reporta o surgimento de lesões na pele, em geral, no tronco e nos braços, acompanhadas de coceira. Até o momento, não houve o registro de agravamento associado a esses quadros.
Considerado um surto, ainda não se sabe as razões das lesões. Em conjunto com a Secretaria Estadual da Saúde, o Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco) e médicos epidemiologistas e infectologistas, a Secretaria Municipal da Saúde do Recife investiga os casos. De acordo com o órgão, estão sendo feitos exames laboratoriais e ações nas localidades, entre elas, a captura de mosquitos e de ácaros. Nesta semana, ainda serão realizados exames de raspado de pele em pessoas que apresentaram os sintomas.
Sarna humana, alergia e doenças causadas por mosquito são algumas das possibilidades levantadas por especialistas e secretarias de saúde da região até então, conforme noticiou o portal G1. Para o dermatologista Paulo Ricardo Martins Souza, responsável pelo Ambulatório de Psicodermatoses do Serviço de Dermatologia da Santa Casa de Porto Alegre, o quadro se assemelha à escabiose, ou seja, sarna.
O motivo é devido à forma de transmissão, já que a sarna passa de uma pessoa para outra em contato próximo, como um abraço ou aperto de mãos, o que é mais comum em ambientes com pessoas próximas, como o familiar.
— Essa é a situação mais plausível, pela descrição de que há infecção de mais de uma pessoa em uma mesma residência. A transmissão [da sarna] acontece por um contato mais íntimo, pele por pele— explica.
No Rio Grande do Sul, a Secretária Estadual de Saúde informou à reportagem de GZH que, até quarta-feira (24), não havia sido registrado nenhum caso no Estado. Entretanto, com o verão se aproximando e com a alta temporada do turismo no Nordeste, segundo o Souza, em caso de sintoma, é preciso buscar por um centro de saúde.
— O ideal é que a pessoa busque um médico, um dermatologista, se possível. O que se deve evitar, por exemplo, são sabonetes escabicidas, que são invariavelmente irritantes para a pele e podem agravar o quadro, pois contêm produtos químicos [...] Uma pele alterada é mais fácil de ser prejudicada pela ação de um um sabonete.
Conforme o dermatologista, para aliviar a coceira, ventilador e ar-condicionado podem ajudar, já que o calor piora a sensação. Outra alternativa pode ser compressa com chá de camomila. A Secretária Municipal de Saúde de Recife orienta, ainda, que as pessoas não se automediquem e mantenham as mãos higienizadas.
Produção: Isabel Gomes