O governo de São Paulo informou que enviará ainda nesta quarta-feira (3) um ofício à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando urgência na vacinação contra covid-19 de crianças de cinco a 11 anos. Na noite desta terça-feira (2), os Centros para a Prevenção e o Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos deram aval para utilização do imunizante Pfizer/BioNTech em crianças.
— O governo do Estado de São Paulo envia hoje (quarta-feira) ofício à Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, solicitando que autorize com urgência o início do processo de vacinação de crianças de cinco a 11 anos — informou o governador de São Paulo, João Doria. —Lembrando que países como Chile, Argentina e Colômbia já iniciaram a vacinação de crianças.
De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, representantes do governo de São Paulo e de outros Estados participaram de uma reunião na manhã desta quarta com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Na ocasião, foi observado que é "uma unanimidade de todos os Estados a necessidade de fazer a vacinação da população de cinco a 11 anos", que ainda não teve aprovação no Brasil.
— A Anvisa deve receber nos próximos dias uma solicitação também da Pfizer para que ela possa provar essa vacina para essa população (de cinco a 11 anos), da mesma forma que FDA (agência reguladora americana) e CDC já fizeram nos Estados Unidos — apontou a coordenadora do PEI.
O secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reforçou que, para promover um controle adequado da pandemia, é necessário "vacinar toda a população, incluindo esse público (de cinco a 11 anos)".
— Só assim nós estaremos progredindo de uma forma muito mais segura no controle da circulação do vírus e também impossibilitando o surgimento de novas variantes — explicou Gorinchteyn.
Nesta segunda-feira (1º), São Paulo encerrou as últimas restrições de público e eventos impostas pela pandemia do coronavírus, depois de quase 600 dias. Desde então, todos os estabelecimentos do Estado podem funcionar sem limites de lotação ou horário de funcionamento e festas com pista de dança, torcidas em estádios, shows com público em pé também estão autorizados. O uso de máscara facial, porém, segue obrigatório, assim como a exigência do "passaporte vacinal" em eventos com mais de 500 pessoas.
CoronaVac em crianças
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, voltou a defender nesta quarta a aplicação da vacina CoronaVac em menores de 18 anos, apontando que ela "é a vacina mais segura para uso em crianças e adolescentes na faixa de três a 17 anos". Segundo ele, foi solicitada uma nova reunião à Anvisa "para a revisão de dados que já chegaram, inclusive nesta semana".
— Esperamos que haja um entendimento da Anvisa de que essa é uma vacina (CoronaVac) que já tem o seu perfil de segurança demonstrado, principalmente para essa população (crianças e adolescentes). Que (a Anvisa) possa também autorizar o seu uso — disse Covas.
— É a vacina que foi mais aplicada nessa população no mundo. Hoje já há aproximadamente 70 milhões de crianças e adolescentes vacinadas com essa vacina — reforçou o presidente do Butantan, que citou como exemplo o uso em menores de idade no Chile.
Em agosto, a Anvisa negou autorização para aplicação da CoronaVac em crianças e adolescentes de três a 17 anos. A decisão considerou que o perfil de segurança da vacina nessa população não foi suficientemente demonstrado pelo Instituto Butantan nos dados enviados à Anvisa.
Anvisa ainda não recebeu pedidos
Em nota divulgada nesta quarta-feira (3), a Anvisa afirmou que "até o presente momento, não há pedido submetido na Anvisa para incluir crianças menores de 12 anos no público-alvo das vacinas contra à Covid 19, autorizadas pela agência".
O órgão explicou, ainda, que a solicitação para a inclusão de uma nova indicação de faixa etária na bula de uma vacina depende de protocolo a ser realizado pela empresa ou instituição detentora do registro ou da autorização de uso emergencial. "Como agência reguladora, a Anvisa somente pode aprovar novas indicações de qualquer medicamento ou vacina diante da apresentação de dados técnicos sólidos e mediante um pedido objetivo dos desenvolvedores de cada vacina. Por isso, o pedido de nova indicação deve ser feito pelo laboratório farmacêutico responsável pela vacina", diz o texto.