Uma pesquisa liderada pelo Instituto Butantan, publicada nessa sexta-feira (12), indica os padrões de disseminação da variante Delta do coronavírus no Brasil e a origem dessa linhagem no país. Para o estudo, foram utilizados dados disponibilizados pela Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2 de São Paulo.
Segundo o Butantan, nunca havia sido feito um mapeamento desse tipo no país. As análises identificaram que algumas das 10 introduções independentes da variante no Brasil que aconteceram durante o mês de setembro têm relação com amostras da linhagem que circulam em países como Áustria, Estados Unidos e Reino Unido.
No primeiro semestre de 2021, foram registradas disseminações da variante delta por oito estados brasileiros. As transmissões comunitárias, que foram identificadas desde junho, aconteceram, sobretudo, em Goiás, Maranhão, Paraná e Rio de Janeiro.
Para a realização do estudo, os pesquisadores tiveram que reunir um conjunto de dados globais disponíveis na plataforma Gisaid. A iniciativa fornece acesso aberto às informações sobre o vírus e reúne cerca de 170 mil genomas da variante Delta.
A pesquisa foi conduzida pelo Butantan, mas teve apoio de instituições de ensino e pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Hemocentro de Ribeirão Preto, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade de São Paulo (USP) , a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
De acordo com o Butantan, cerca de 90% dos casos de coronavírus no Brasil são da variante Delta. Os primeiros indícios dessa linhagem que foram registrados no país estão associados a um navio cargueiro que partiu da Malásia no dia 27 de março. A embarcação passou ainda pela África do Sul antes do seu retorno ao Brasil, em 14 de maio. Após a chegada, foram identificados seis casos positivos da linhagem nos tripulantes.
O primeiro caso identificado da linhagem em São Paulo ocorreu em final de junho. Com base nos dados, o Instituto acredita que o vírus partiu do Rio de Janeiro, depois chegou em Taubaté (SP) até se espalhar pela Grande São Paulo.
Segundo o Instituto, a variante não causou tantos danos no Brasil e em países como o Chile porque nesses lugares estão sendo aplicadas doses de vacinas da CoronaVac, que têm se mostrado eficazes ao combate da linhagem.
— Outro fator que contribui com a diminuição dos casos foi a variante Gama, que infectou um alto número de pessoas no país e pode ter gerado uma imunidade na população contra a variante delta — acrescentou o Butantan em nota.