Todos os Estados e o Distrito Federal devem receber, até a metade de dezembro, as quantidades suficientes da vacina contra covid-19 da Janssen para aplicar em quem já recebeu o imunizante. A projeção é do Ministério da Saúde, baseada nas entregas de vacinas previstas pelo laboratório até o fim de 2021.
Até então, a vacina era aplicada como dose única no Brasil, porém, de acordo com a nova orientação nacional, quem tomou a Janssen deverá receber mais uma aplicação, como se fosse uma segunda dose. Por isso, a pasta precisará distribuir novos lotes do imunizante para todas as unidades da federação.
Mais de 4,8 milhões de pessoas tomaram a vacina da Janssen no Brasil, principalmente na metade do ano. As remessas foram fruto de uma doação do governo dos Estados Unidos (3 milhões) e do próprio contrato entre o ministério e o laboratório (1,8 milhão).
Contando com a chamada reserva técnica (os Estados sempre recebem doses a mais em caso de perdas), aproximadamente 5 milhões de doses da Janssen são necessárias para aplicação em quem já recebeu o imunizante — o Rio Grande do Sul precisa receber mais de 303 mil doses.
O calendário de entregas da Janssen, ao qual GZH teve acesso, bate com a expectativa do Ministério da Saúde. Até 8 de dezembro, mais de 7,7 milhões de doses da vacina devem chegar ao Brasil, o que seria suficiente para atender a esse público.
Dessas, 1,096 milhão já estão com o governo federal, passando pela liberação das autoridades sanitárias, um processo que pode demorar até a próxima segunda-feira (22). Outro lote, com 1,039 milhão, deve desembarcar no país nesta quinta (18).
Ainda não foram divulgadas as quantidades de doses que cada Estado vai receber do Ministério da Saúde até o fim de novembro e ao longo de dezembro, mas o planejamento de distribuição já está sendo realizado pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, responsável pela divisão dos lotes entre as unidades da federação.
E o restante?
O contrato do Ministério da Saúde com a Janssen que prevê 38 milhões de doses deve ser cumprido até 20 de janeiro de 2022. Desse quantitativo, mais de 30 milhões irão “sobrar” no estoque. O planejamento é que essas vacinas sejam enviadas aos Estados para aplicar como dose de reforço da população adulta, e não mais no esquema vacinal duplo (dose um e dois, aplicadas em um intervalo mínimo de dois meses).
Um dos motivos alegados pela pasta é que a vacina da Janssen possui apenas a autorização para uso emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a prioridade do governo é para com os imunizantes que já têm registro definitivo, que são as vacinas da AstraZeneca, fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da Pfizer/BioNTech.
A Janssen é uma das vacinas recomendadas para utilização da terceira dose na população com mais de 18 anos, autorizada nesta quarta-feira (16). Preferencialmente, o ministério orienta a vacina da Pfizer como dose de reforço, mas, em caso de falta dela, os imunizantes da AstraZeneca ou da Janssen também podem ser usados.
Com base em um estudo encomendado junto à Universidade de Oxford, no Reino Unido, a pasta passou a orientar a “mistura” de vacinas feitas com tecnologias diferentes, o que aumenta a imunidade. Ou seja, para quem tomou as duas doses da AstraZeneca ou da Janssen (produzidas com vetor viral), a recomendação é tomar Pfizer (feita com RNA mensageiro). O mesmo ocorre com quem recebeu CoronaVac (vírus inativado).
Para quem foi imunizado com as duas doses da vacina da Pfizer, o Ministério da Saúde segue dando preferência para a dose de reforço do mesmo laboratório — até porque, atualmente, há mais vacinas da Pfizer disponíveis nos postos de vacinação.