A saúde do homem entra em pauta sempre que o mês de novembro se avizinha. Ações relacionadas ao chamado Novembro Azul buscam incentivar cuidados, por exemplo, em especialidades como urologia e proctologia. Além disso, o combate ao câncer de próstata ganha evidência como a grande bandeira do Novembro Azul.
Em Porto Alegre, homens que buscam atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) para as duas especialidades citadas acima entram numa fila com quase 3,4 mil solicitações. No caso da proctologia, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), eram 1.003 requisições acumuladas no mês de outubro — o mais recente no relatório mensal divulgado pela pasta. Na urologia, a fila é maior, com 2.375 solicitações represadas até o mês passado.
Olhando para as especialidades de maneira separada, a proctologia reduziu levemente seu plantel entre o ano passado e este ano. Eram 1.115 solicitações em outubro de 2020 — queda de 10,04% neste ano. A urologia, entretanto, teve um salto de 1.775 atendimentos na fila no ano passado, para os 2.375 de agora — elevação de 33,8%. Isso fez com a fila das especialidades somadas crescesse 16,88% em 2021, se comparada com o mesmo período do ano passado.
Apesar de expressiva, a fila das duas especialidades de saúde do homem já foi maior. Em 2019, o Diário Gaúcho mostrou que 3.974 solicitações esperavam por atendimento. Destes, 1.122 pedidos eram para consulta especializada com proctologista e 2.852 com urologista.
O crescimento neste ano de 2021 segue o efeito da pandemia na fila do SUS da Capital como um todo. A redução de atendimentos durante o período mais acentuado da disseminação do coronavírus fez com que solicitações se acumulassem nas filas de espera. Ao todo, a lista do SUS na Capital tinha 58.826 solicitações em espera. Agora, são 87.510, um crescimento expressivo de 48,76%.
Aumento nas consultas ofertadas
Um ponto positivo e que deve ajudar a reduzir o tamanho da fila são as consultas ofertadas. Em 2020, eram 150 primeiras consultas disponibilizadas pela SMS mensalmente. Agora, o número dobrou, são 300. O mesmo ocorreu com a urologia, que ofertou 222 primeiros atendimentos em outubro de 2020, ante 428 atendimentos no mês passado.
Porém, o número de ofertas ainda é insuficiente na urologia, onde só em outubro, mais 593 solicitações foram adicionadas ao sistema, número maior do que o oferecido em primeiras consultas. Mas a discrepância é menor do que no ano passado. No caso da proctologia, a oferta foi maior que a demanda, assim sobram consultas para atender mais casos que já estão na fila e, por consequência, diminui-la.
Um dos grandes desafios da fila do SUS é justamente sua constante mudança, todo mês, novos atendimentos chegam, por isso, é necessário que a oferta seja maior que este número ao menos para reduzir a fila. Quando os casos se acumulam, o que aumenta é o tempo de espera por atendimento. No caso da proctologia, esse tempo vai pode ir de cinco dias para casos considerados prioritários até três anos para casos menos prioritários. Na urologia, essa espera vai de 10 dias para casos prioritários até 140 dias para atendimentos considerados de baixa prioridade.
Estabilização na fila nos próximos meses
O aumento da fila de espera ocorreu em decorrência da diminuição da oferta em decorrência da pandemia, explica a SMS, em nota. Por isso, filas como a da urologia podem apresentar tempos de espera tão altos. A prefeitura diz que "solicitações menos prioritárias estão levando um longo tempo para agendamento, pois as solicitações com maior prioridade são agendadas em detrimento das menos prioritárias", ocasionando esperas que podem chegar a mais de três anos para casos menos prioritários, como mostrou a reportagem. Em relação a filas que reduziram, como a da proctologia, a SMS aponta que isso se deve ao fato de a oferta de média complexidade (oferta dos centros de especialidades) ter sido mantida mesmo durante os piores momentos da pandemia.
Agora, o aumento da oferta de primeiras consultas é fruto da melhora do cenário referente a pandemia, "podendo ser retomados os atendimentos por parte dos serviços hospitalares", diz a pasta. Sobre a possibilidade aumento nas ofertas e redução das filas, a SMS afirma que, "no momento, a oferta está sendo retomada pelos prestadores hospitalares e mutirões estão ocorrendo". A pasta ainda projeta que se o cenário atual da pandemia se mantiver, "é provável que ocorra uma estabilização da fila nos próximos meses".