O Instituto do Coração (Incor) solicitou, nesta quinta-feira (21), autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para dar início aos testes clínicos em humanos da vacina em spray contra a covid-19. As informações são do portal G1.
A solicitação enviada à Anvisa é para o desenvolvimento das fases um e dois, onde o objetivo é demonstrar a segurança, a imunogenicidade e o esquema de testagem. A meta do Incor é começar os testes em janeiro de 2022, com 280 participantes divididos em sete grupos. Segundo o G1, seis deles tomarão doses diferentes para verificar a melhor dosagem e o outro grupo receberá placebo. A duração estimada dessas fases é de dois a três meses.
De acordo com o Incor, até o momento, os ensaios feito com os animais apontam "altos níveis de anticorpos IgA e IgG" e resposta celular protetora.
O pedido acontece dois dias depois de uma reunião entre a Anvisa e o Laboratório de Imunologia do Incor. No encontro, a proposta da vacina contra covid-19 na forma de spray e encaminhar orientações técnicas aos desenvolvedores do imunizante.
O projeto é uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto do Coração (InCor). O imunizante consiste em uma vacina de aplicação diferenciada, em spray nasal, de baixo custo, que estimula uma resposta imunológica mais potente.
O objetivo da aplicação diretamente nas narinas é atingir diretamente as vias áreas do corpo humano, que são a principal área de infecção do vírus.
– As vacinas atuais protegem, de maneiras diferentes, contra a doença, mas as pessoas ainda podem carregar o vírus no nariz e, com isso, continuar disseminando a doença. Então, nós queríamos combater a infecção. Para isso, pensamos em fazer uma vacina de spray nasal, porque ao colocar o spray, você vai colocar o antígeno numa nanopartícula, que vai passar a barreira de cílios que temos no nariz e pelo o muco que temos sobre as células e chegará nas células da mucosa, onde vai induzir uma resposta do anticorpo específico que a gente tem, chamada Iga, que protege fortemente as nossas mucosas – explicou Jorge Kalil, pesquisador chefe do estudo e diretor do Laboratório de Imunologia do InCor e professor titular da Faculdade de Medicina da USP, em entrevista à Globo News.