A falta de fornecimento de insumos como tecnécio, lutécio e iodo-131, produzidos e entregues exclusivamente pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), um órgão federal, já atinge hospitais no interior do Rio Grande do Sul. Pelo menos três instituições confirmaram o problema, nesta quarta-feira (29), com impactos em Novo Hamburgo, Passo Fundo e Santa Maria.
No Vale do Sinos, o Hospital Regina, de Novo Hamburgo, informa que "não está sendo possível realizar plenamente as agendas do serviço de Medicina Nuclear". A instituição está entre os hospitais de todo o Brasil que encomendam semanalmente os radiofármacos do Ipen. Como esses insumos decaem naturalmente, em razão da natureza radioativa, não é possível realizar estoques dos isótopos.
A direção do Hospital São Vicente de Paulo, de Passo Fundo, informou que não há radiofármacos em estoque, pois esses insumos são disponibilizados pelo governo federal. Caso não haja o fornecimento nos próximos dias, existe a possibilidade de falta dos produtos para a realização de exames e tratamentos na instituição.
Na região central do Estado, o Hospital Universitário de Santa Maria confirmou que não tem disponibilidade de insumos utilizados na medicina nuclear. A instituição não recebeu o gerador de tecnécio, que fornece material determinante para a realização de exames como cintilografia óssea, cardíaca, renal, cerebral, entre outros. Com isso, o agendamento desta semana foi feito com base na quantidade de radiação disponível no gerador entregue dias antes. Serão realizados 10 procedimentos até a próxima sexta-feira (1º), sendo que 40 exames foram reagendados para a próxima semana.
As instituições se juntam a cinco instituições que estão em situação semelhante em Porto Alegre. O Hospital Nossa Senhora da Conceição, por exemplo, está suprindo somente 30% de sua agenda de procedimentos nesta semana. A expectativa é de normalização a partir da próxima semana, quando o Ipen voltará a entregar os produtos a hospitais e clínicas de todo o país.
Depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, o Hospital Mãe de Deus informou, nesta quarta-feira, que realizou uma importação extraordinária do material utilizado nos exames de medicina nuclear. Adquiridas da empresa Eckert&Zielgler, as substâncias chegarão no próximo final de semana. Dessa forma, a agenda de procedimentos não sofrerá impacto.
O problema no fornecimento dos materiais radioterápicos usados em exames de diagnóstico começou com a suspensão da produção pelo Ipen, que ficou sem recursos federais. Instituto que fornece 85% desses materiais no país, obteve injeção de R$ 19 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia, porém, a verba é suficiente para o fornecimento de duas semanas. O ministro Marcos Pontes já confirmou a informação.