Perícia realizada no setor de hemodiálise do Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul, na região central do Estado, aponta irregularidades no local. O laudo, assinado por uma perita nomeada pelo juiz Daniel André Köhler Berthold, do Juizado Especial da Fazenda Pública da cidade, ao qual GZH teve acesso, foi juntado a um processo que uma clínica que realizava esse serviço de saúde na cidade move contra a instituição.
Conforme o documento, na chamada “Sala de Tratamento Hemodialítico de Pacientes não Contaminados”, que é o local onde pacientes realizam o tratamento, foi constatado que não é respeitado o distanciamento entre uma poltrona e outra. Ou seja, que há mais poltronas do que deveria no espaço.
“Em relação a distribuição das poltronas no ambiente, podemos observar que não estão sendo respeitados os parâmetros de 1,00m entre leitos/poltronas, 0,60 m entre cabeceira da poltrona e a parede atrás da poltrona/leito, o não cumprimento de tais normas podem influenciar no atendimento dos pacientes”, diz a engenheira Daniele dos Santos Martins, que assina o laudo.
Como conclusão, a perita recomenda “a ampliação da área existente ou a redução no número de leitos disponíveis para atendimento”. Também há outros apontamentos de irregularidades documentais no laudo.
Conforme o coordenador regional adjunto da 8a Coordenadoria Regional de Saúde, denúncias de supostas irregularidades chegaram à instituição por meio da ouvidoria. Bruno Borchhardt Müller relata que, por Cachoeira do Sul possuir gestão plena da saúde, o caso foi encaminhado à Vigilância Sanitária municipal. Conta que foi feita uma inspeção conjunta com o órgão municipal e não foram encontras as irregularidades apontadas.
O coordenador do Departamento de Vigilância em Saúde do município, Luís Carlos Adorne, também sustenta que as denúncias não procedem. Diz que após a inspeção, inclusive, o alvará sanitário foi renovado. Apontamentos também chegaram ao Ministério Público. A Promotoria de Cachoeira do Sul aguarda os laudos dos órgãos de saúde para avaliação.
O secretário municipal da Saúde de Cachoeira do Sul, Marcelo Figueiró, sustenta que todos os pacientes que precisam do tratamento na cidade foram absorvidos pelo Hospital de Caridade e Beneficência após o fechamento da clínica que também realizava o serviço. Segundo ele, o local possui toda a estrutura necessária para realização de hemodiálise.
Em nota, o hospital afirmou que o laudo faz parte de um processo judicial de uma clínica privada de hemodiálise contra o serviço da instituição. "O serviço de hemodiálise do hospital está atendendo regularmente com alvará sanitário vigente expedido após vistoria recente realizada em 30 de junho de 2021.O Laudo Pericial está sendo questionado no processo judicial e no que diz respeito ao distanciamento entre as poltronas, estão de acordo com projeto aprovado pela Vigilância Sanitária e questionamos a metodologia adotada para a elaboração do laudo", diz a nota.