Das 55 prefeituras contatadas pela reportagem de GZH, três estão com calendário de vacinação dos grupos por idade em defasagem com o cronograma estadual. De acordo com o Piratini, entre 1° e 15 de julho, deveriam ser vacinadas pessoas com idade de 49 a 45 anos. Entre as prefeituras contatadas, somente três — Floriano Peixoto, Ipiranga do Sul e Nova Palma — estão em descompasso com a meta do governo estadual, que pretende imunizar, até 20 de setembro, toda a população gaúcha acima dos 18 anos com pelo menos uma dose.
Em Floriano Peixoto, no Norte do Estado, a vacinação está na faixa dos 54 a 53 anos. A Secretaria de Saúde do município afirma que a lentidão se deve ao fato de que, na cidade, a imunização é feita por agendamento e também porque o engajamento da comunidade local é alto.
Segundo a pasta, o avanço em direção a faixas menores é mais lento porque — antes de ser anunciada a vacinação de um novo grupo etário — agentes de saúde vão até a casa de todos aqueles que haviam agendado a imunização e não compareceram. Essa busca ativa posterga a liberação de novas faixas de idade, informa a secretaria.
No momento, a vacinação está parada em Floriano Peixoto, porque não há mais imunizantes disponíveis. Porém, nesta sexta-feira (2), uma nova remessa é esperada.
A cidade de Ipiranga do Sul, também no Norte, vacinou até a faixa entre 56 e 55 anos. A imunização desse grupo foi encerrada na última terça-feira (29). De acordo com o secretário municipal de Saúde, Cleimar Araldi, a explicação para a defasagem em relação ao cronograma estadual se deve a alta porcentagem de idosos residentes no município.
— A nossa população mais antiga é muito significativa, demoramos para sair desse grupo. Além disso, entraram as pessoas da indústria, caminhoneiros, professores, enfim, todos os grupos prioritários definidos pelo cronograma. Mas estamos com um número satisfatório de pessoas imunizadas com a primeira dose, ao todo 58,7% da população de Ipiranga do Sul se encaixa no grupo dos parcialmente vacinados — pontua.
A expectativa de Araldi é de que — superado o grupo dos 50 anos — a imunização avance a passos largos em direção às pessoas na faixa dos 30 anos:
— Isso porque grande parte daqueles que estão entre 49 e 40 anos foram imunizados por fazerem parte do grupo com comorbidades. Temos 2 mil habitantes, geralmente recebemos 60 doses, porém elas acabam muito rápido. Essa nova remessa, de sexta, promete 150 ampolas. Com elas, avançaremos para a vacinação dos que têm 54, 53 e 52 anos no sábado, porque na sexta-feira ela (a campanha) estará parada em razão da falta de doses.
Nova Palma, na Região Central, imunizava pessoas com 56 anos na quinta-feira (1º). A reportagem de GZH contatou a Secretaria de Saúde local e foi solicitado que o pedido de explicações para o atraso na vacinação fosse feito por e-mail. A mensagem foi enviada, mas o e-mail voltou. A reportagem tentou retomar contato com a pasta, mas não foi mais respondida.
A Secretaria Estadual da Saúde informa que vários fatores podem contribuir para os diferentes ritmos de vacinação e de cobertura vacinal nos municípios. A pasta explica que “as doses de vacinas não são distribuídas pelo número de habitantes de um município, mas de acordo com as estimativas populacionais do Ministério da Saúde para os grupos prioritários”. Quer dizer, os municípios que contam com rede de serviços de saúde mais robusta, por exemplo, recebem mais doses destinadas à profissionais de saúde.
Além disso, a pasta pontua que “influenciam no percentual de vacinados características que incluem o perfil demográfico do território, com formações populacionais diferentes para cada município”. Por fim, afirma que o ritmo de vacinação depende também da capacidade instalada e dos tipos de doenças na região.