O consumo de longo prazo de carne vermelha e de carnes processadas como bacon e presunto, por exemplo, pode aumentar o risco de uma pessoa desenvolver doenças isquêmicas do coração (DIC). A conclusão é uma nova meta-análise de estudos realizados com mais de 1,4 milhão de voluntários acompanhados durante 30 anos. Os resultados foram publicados na terça-feira (20) pela revista Critical Reviews in Food Science and Nutrition.
As DIC são as principais causas de mortes nos países desenvolvidos e são resultado da obstrução das artérias coronárias – os vasos sanguíneos que irrigam o músculo do coração.
Os pesquisadores concluíram que o risco de contrair DIC aumentou à medida que o consumo de carne vermelha e carnes processadas se expandiu pela população mundial. Os cientistas apontam que, para cada 50 gramas de carne bovina, cordeiro e porco consumidos diariamente, o risco aumentou 9%. Já para cada 50 gramas de bacon, presunto ou salsinhas ingeridas, o percentual é o dobro, de 18%. Não há comprovação de aumento de risco para o consumo de carne de frango.
A análise dos dados sugere que o alto consumo de carne vermelha pode aumentar o risco de DIC devido ao alto teor de gordura saturada. Já no caso das carnes processadas o sódio se torna o vilão. Segundo os pesquisadores, há evidências substanciais de que a alta ingestão de gordura saturada aumenta o colesterol e que o alto consumo de sódio prejudica a pressão arterial, ambos fatores de risco para DIC.
— A carne processada parece piorar as doenças coronárias — disse à CNN Anika Knüppel, epidemiologista nutricional do departamento de saúde populacional da Universidade de Oxford e coautora do estudo.
— Isso está de acordo com o que foi encontrado para o câncer de intestino, onde a carne cessada está associada a um risco maior do que o da carne vermelha — completou.
Nos Estados Unidos, a recomendação diária para consumo de carne vermelha, segundo a Sociedade Americana do Câncer (órgão norte-americano), é uma porção de 85 gramas, aproximadamente o tamanho de uma barra de sabão. A quantidade é 60% a mais do que a considerada nos estudos como sendo de risco aumentado para desenvolver DIC.