Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oslo, na Noruega, reforça o entendimento sobre a ineficácia da hidroxicloroquina (cloroquina) e do remdesivir para combater a covid-19. A cloroquina já recebeu apoio do governo federal para uso preventivo contra a doença e o remdesivir foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com o estudo, publicado no periódico científico Annals of Internal Medicine nesta terça-feira (13), nem a cloroquina nem o remdesivir reduziram o grau de insuficiência respiratória ou inflamações em pacientes contaminados com o coronavírus.
A equipe responsável investigou os efeitos desses remédios também para avaliar a capacidade de eliminarem o vírus na região média da garganta, a orofaringe. Entre 28 de março e 4 de outubro de 2020, foram analisados 181 pacientes hospitalizados por causa da covid-19 em 23 hospitais da Noruega. Desse total de voluntários, 42 foram tratados com remdesivir, 52 receberam hidroxicloroquina e 87 pacientes tiveram tratamento padrão, não-experimental. A escolha foi de forma aleatória.
O estudo mostrou que ocorreram diminuições semelhantes nas cargas virais durante a primeira semana de tratamento nos três grupos. O resultado foi observado independentemente da idade, da duração dos sintomas ou mesmo se o paciente desenvolveu anticorpos, o que reitera a baixa eficácia desses medicamentos.
“Em conclusão, a falta geral de efeito do remdesivir e da hidroxicloroquina no curso clínico dos pacientes hospitalizados por covid-19 foi acompanhada por uma escassez de efeito na depuração viral do Sars-CoV-2 na orofaringe”, escreveram os autores no estudo. “Nossas descobertas questionam o potencial antiviral dessas drogas em pacientes hospitalizados com covid-19”, acrescentam.
O estudo norueguês é chamado de NOR-Solidarity e afiliado ao estudo Solidarity, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O teste com remdesivir, originalmente concebido como uma droga para combater o ebola, foi à frente porque o medicamento é atualmente o único totalmente aprovado para tratar a covid-19 pela Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, órgão regulador de saúde que no Brasil é correspondente à Anvisa.