Há uma expectativa de que sejam divulgados, ainda nesta semana, os resultados dos ensaios clínicos, de fase 2 e 3, da vacina contra a covid-19 produzida pela biofarmacêutica alemã CureVac. As informações são do jornal americano The New York Times. O imunizante surge no embalo do que os cientistas chamam de “segunda onda de vacinas”.
Feita com a tecnologia de RNA mensageiro, considerada o futuro dos imunizantes, a CureVac tem como promessa acelerar a vacinação em países pobres por ser de fácil armazenamento, diferentemente do produto da Pfizer, que necessita de refrigeração de até -80°C. A produção da vacina é feita em parceria com a farmacêutica suíça Novartis e a alemã Bayer.
Confira o que se sabe sobre o imunizante alemão até agora.
O que é a CureVac?
Batizada de CVnCoV, a vacina é popularmente chamada de CureVac, nome da biofarmacêutica de origem alemã. O imunizante se propõe a ajudar no combate ao coronavírus.
O Brasil tem interesse na compra desse imunizante?
A reportagem de GZH entrou em contato com o Ministério da Saúde para saber se há algum contrato ou interesse de compra, mas não obteve retorno.
Qual é a tecnologia usada na CureVac?
A vacina faz uso da plataforma de RNA mensageiro. Basicamente, os cientistas criam em laboratório uma sequência de RNA mensageiro. A essa sequência é acrescentada uma parte do material genético do coronavírus, e então toda essa molécula de RNA é envolta em uma capa de gordura para impedir que ela se desintegre rapidamente.
Essa partícula do vírus já é suficiente para desencadear uma reação de defesa no sistema imunológico humano. Uma vez feita a vacinação, o RNA envia instruções para a célula produzir a proteína spike. É essa proteína que ajuda o coronavírus a invadir as células. Quando o organismo identifica as células com proteínas nunca vistas antes e que simulam o coronavírus, o sistema imune passa rastrear essa ameaça.
No caso de uma infecção real pelo coronavírus, as células de defesa saberão combater a ameaça. Ou seja, esse tipo de vacina simula o processo que ocorre no corpo de uma pessoa que realmente contrai a doença, porém, não possibilita a infecção de quem está sendo vacinado, apenas educa o sistema de defesa a como responder à invasão.
Como é a aplicação?
A vacina é aplicada em duas doses, com um intervalo de 28 dias entre elas.
Como é feito o armazenamento?
Enquanto outras vacinas de RNA, como a Pfizer/BioNTech e a Moderna, exigem temperaturas muito baixas para armazenamento, a CureVac pode ser acondicionada a -5ºC e tem capacidade de permanecer estável por três meses. Além disso, ele pode permanecer fora da geladeira por até 24 horas.
Qual a eficácia da vacina?
O mundo está na expectativa dos resultados dos ensaios de fase 2 e 3, iniciados em dezembro de 2020 e que podem ser divulgados nesta semana. Até agora, o que se sabe é que os dados de fase 1, relatados em novembro de 2020, mostraram que o imunizante apresentou bons resultados e induziu fortes respostas de anticorpos, além da indicação de ativação de células T (do sistema imunológico), afirmou e empresa em pronunciamento.
Os estudos mostraram ainda que a qualidade da defesa foi comparável com a de pacientes recuperados da covid-19, “imitando a resposta imune após infecção natural pela doença". No seu site, a CureVac afirma que na etapa 2/3 foram recrutados 40 mil voluntários na Europa e na América Latina.
Ela protege contra as variantes do coronavírus?
Experimentos em camundongos sugeriram que a vacina funciona bem contra a variante originária da África do Sul, a B.1.351.
Quais são os efeitos colaterais ?
Em novembro de 2020, ao divulgar os primeiros resultados obtidos, a empresa afirmou que os efeitos colaterais da vacina ocorreram, na maioria das vezes, após a segunda dose. Entre os sintomas estavam: fadiga, dor de cabeça, calafrios, dores musculares e febre – essa última em frequência menor entre os voluntários. A CureVac disse ainda que esses sintomas “se resolveram rapidamente, geralmente dentro de 24 a 48 horas”.
Que países têm interesse na CureVac?
A empresa firmou um acordo com a União Europeia para entregar 225 milhões de doses do imunizante, com a possibilidade de mais 180 milhões nos meses seguintes.