Um número crescente de pacientes que sofrem ou se recuperaram da covid-19 está sendo diagnosticado com uma estranha e mortal infecção fúngica, informaram médicos à AFP nesta segunda-feira (10), enquanto o país de 1,3 bilhão de pessoas luta para conter um surto de casos de coronavírus.
A segunda nação mais populosa do mundo registrou 370 mil casos por coronavírus nesta segunda-feira, aumentando o número total de contágios para pouco menos de 22,7 milhões, além anunciar mais de 3.700 novas mortes. Os especialistas há muito alertam que o número real de casos e mortes pode ser muito maior.
A mucormicose — chamada pelos médicos indianos de "fungo negro" — costuma ser mais grave em pacientes cujo sistema imunológico está enfraquecido por uma ou mais infecções.
Especialistas médicos destacaram que encontraram um aumento nos casos na Índia nas últimas semanas, enquanto o Ministério da Saúde divulgou um informe no domingo sobre como tratar essa infecção fúngica.
— Os casos de infecções por mucormicose em pacientes com a covid-19 após sua recuperação são quase quatro ou cinco vezes mais numerosos do que aqueles detectados antes da pandemia — disse Atul Patel, especialista em doenças infecciosas de Ahmedabad, membro da equipe de enfrentamento à covid-19 desse estado.
No estado ocidental de Maharashtra — onde está localizada Bombaim, o grande centro financeiro da Índia — foram registrados até 300 casos, informou Khusrav Bajan, consultor nesta cidade do Hospital Nacional Hinduja e também membro da equipe de combate à covid-19 de seu estado.
Até agora, cerca de 300 casos também foram relatados em quatro cidades de Gujarat, incluindo a maior, Ahmedabad, de acordo com dados de hospitais estaduais.
O estado do oeste ordenou que os hospitais públicos criassem salas de tratamento separadas para pacientes infectados com o "fungo negro" conforme os casos aumentassem.
"A mucormicose, se não tratada, pode ser fatal", alertou o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), agência científica responsável por fornecer respostas ao governo, em uma série de indicações sobre seu tratamento postadas no Twitter.
Os pacientes com a covid-19 que sejam mais suscetíveis a desenvolver essa infecção fúngica incluem aqueles com um quadro de diabetes não controlada, aqueles que usaram esteroides durante o tratamento do coronavírus, assim como aqueles que ficaram muito tempo em unidades de terapia intensiva, acrescentou.