O Brasil recebeu na sexta-feira (30) um lote de 1 milhão de doses da vacina da Pfizer contra a covid-19, que será distribuído, a partir da segunda-feira (3), para as 27 capitais do país, segundo informou o secretário executivo da Saúde, Rodrigo Cruz. Diferentemente das outras vacinas, que podem ser mantidas em temperaturas entre 2ºC e 8ºC, o novo imunizante exige temperaturas bem mais baixas (entre -65ºC e -80ºC).
Para dar conta dessa demanda, autoridades da saúde têm recorrido a empréstimos de freezers de hospitais e universidades. É o caso da prefeitura de Porto Alegre, que fez parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A instituição cedeu ultrafreezers com capacidade de até 4 milhões de frascos para garantir a conservação das vacinas. No primeiro lote, o Estado receberá 32.760 doses.
— Desde dezembro, colocamos à disposição do Ministério da Saúde os ultracongeladores da instituição. É um equipamento muito utilizado nas pesquisas, compramos mais cinco unidades no ano passado — afirma Geraldo Pereira Jotz, pró-reitor de Inovação e Relações Institucionais da UFRGS. A instituição tem mais 20 aparelhos do tipo, mas nenhum é usado em sua totalidade. Três ainda estão na caixa, segundo ele.
Florianópolis (SC) também terá três desses equipamentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com capacidade para 948 litros, e é prevista a cessão de um quarto. Os ultrafreezers foram transportados esta semana para a rede municipal. Segundo o governo catarinense, na primeira remessa chegarão 17.550 doses, a serem distribuídas a Florianópolis (10.530 doses) e São José (7.020 doses). "Somando às novas doses de AstraZeneca, que chegam neste fim de semana, devemos avançar para 62, 61 e 60 anos até semana que vem", escreveu no Twitter o prefeito da capital, Gean Loureiro (DEM), sobre os grupos a serem imunizados.
A Secretaria da Saúde de Sergipe vai conservar as vacinas com freezers próprios, com temperaturas entre -15º e -20º. Se preciso, usará o freezer de ultracongelamento da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Conforme o Ministério da Saúde, as doses serão entregues em temperaturas entre -25ºC e -15ºC, e a conservação vale por apenas 14 dias. Após ser armazenada entre 2ºC e 8ºC, o prazo para aplicação é reduzido para cinco dias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o transporte e armazenamento a -20ºC por um período único de até duas semanas. Em Cuiabá (MT), o Hospital Geral e Maternidade também cedeu à prefeitura um ultrafreezer com capacidade de 486 litros e temperatura de até - 86ºC.
Organização
Outra regiões fizeram as próprias compras para armazenar os produtos. A Bahia abriu licitação para cem ultracongeladores e 30 deles já foram distribuídos a nove macrorregiões.
— Essa é uma realidade bem diferente de outros Estados, que concentram a infraestrutura na capital — afirmou Fábio Vilas-Boas, secretário da Saúde baiano.
O Paraná tem nove freezers para armazenar o imunizante, sete de ultrabaixa temperatura (-80ºC) e dois de temperatura de -20ºC. Já no Distrito Federal, um ultracongelador tem capacidade de 570 litros e guarda até 40 mil doses.
A prefeitura de São Paulo alterou uma de suas câmaras frias, de 100 metros cúbicos, para -25ºC. Ela pode receber 4 milhões de doses durante 14 dias, conforme orientação da Pfizer. A capital tem ainda outras câmaras em quatro pontos de distribuição e deve receber cerca de 135.720 doses da vacina. O município receberá as unidades na temperatura entre -25ºC e -15ºC, podendo mantê-las nessa faixa por até 14 dias.
Ao todo, o acordo da gestão Jair Bolsonaro com a Pfizer prevê 100 milhões de doses. O negócio foi fechado neste ano após entraves no ano passado, quando 70 milhões de doses foram oferecidas e o governo recusou.