O repasse de R$ 70 milhões anunciado por chefes de poderes e órgãos com autonomia financeira e administrativa no Estado já tem destino certo: os hospitais gaúchos. Em entrevista à Rádio Gaúcha, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, confirmou que a maior parte do recurso será usada para dar fôlego à rede hospitalar, que trabalha com altas taxas de ocupação para atender casos de covid-19.
O dinheiro sairá do orçamento da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Tribunal de Contas do Estado.
— Os R$ 70 milhões vão agregar valor para que os hospitais possam pagar a sua folha de pagamento de profissionais e a compra de medicamentos que, além da escassez no mercado, tiveram aumento expressivo. Só o midazolam (usado para sedação) teve mais de 235% de aumento. Então, o custo operacional da atividade dos hospitais teve aumento expressivo — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) está em tratativas com a área executiva dos poderes para dar celeridade à transferência dos recursos. Parte dele, destinado aos pronto-atendimentos, deve ser repassado ainda nesta terça-feira (23).
A secretária irá se reunir nesta terça com a federação que representa as santas casas e hospitais filantrópicos com o objetivo de dimensionar a rede hospitalar que será beneficiada. Ainda nesta semana, será emitida uma portaria com os critérios que estabelecem a divisão do recurso.
— Estamos trabalhando com a possibilidade de o governo do Estado suplementar com algum recurso. Temos uma proposta de avaliar a partir do número de leitos covid. Vamos ver o número de leitos e o tamanho do recurso, então, uma parte poderia ser considerando a proporcionalidade dos leitos de UTI do hospital e outra poderia ser relativa aos leitos clínicos. Chegamos a ter recentemente quase 8 mil leitos clínicos específicos para covid. E podemos agregar ainda um terceiro parâmetro, que é a taxa de ocupação dos leitos clínicos, porque os leitos de UTI estão extrapolados.
Arita lembrou também que o governo do Estado tem mantido, com regularidade, o pagamento dos incentivos estaduais. Questionada se o repasse dos poderes poderá evitar um "apagão" dos hospitais, a secretária mostrou-se confiante:
— Acreditamos que sim. Vai amenizar as crises dos hospitais. (...) Somando tudo isso, acho que é um fôlego temporário, e esperamos também que esta pandemia diminua o número de casos, como já está acontecendo, com uma leve desaceleração da ocupação de leitos, especialmente os clínicos. (Esperamos também) Que a população tome todos os cuidados para que a gente possa diminuir esta curva.
A chefe da Saúde no Rio Grande do Sul afirma não ser possível prever quando a situação será melhor nos hospitais. Ainda assim, já comemora alguns números:
— Observamos, no monitoramento diário, que o número de leitos de UTI SUS já estava ontem (segunda) abaixo de 100%. Ainda temos uma pressão muito grande e expressiva dos leitos privados de covid. Já há um declínio pequeno da taxa de ocupação de leitos clínicos, que estava em 84% no pior momento e, ontem, em 75,6%. Nos leitos de UTI, já se observa que há um número um pouco menor da lista de espera. Os hospitais também colaboraram muito ocupando espaços de blocos cirúrgicos, salas de recuperação, serviços de emergência. E também distribuímos muitos respiradores. Mas ainda vamos ter um número de óbitos que nos preocupa muito.