A prefeitura de Porto Alegre recebeu, neste domingo (7), 25 ventiladores pulmonares para serem usados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). O envio foi feito pelo Ministério da Saúde. Os equipamentos estão na Santa Casa de Misericórdia, onde serão calibrados para distribuição em hospitais da capital gaúcha na segunda-feira (8).
Na última semana, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) recebeu 30 respiradores, de menor potência, destinados para pacientes de coronavírus em emergências, onde o fornecimento de oxigênio exigido costuma ser menos intenso.
A chegada de novos ventiladores é bem-vinda, mas não deve ser suficiente para a crescente demanda de internações hospitalares em meio ao cenário atual da capital gaúcha, avalia o médico intensivista Wagner Nedel, presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul (Sotirgs).
— Ajuda alguns dias. Mas a proporção de pacientes chegando é geométrica. A conta possivelmente não vai fechar. Vinte e cinco é melhor do que nada — comenta.
O recebimento dos 25 ventiladores pulmonares ocorre em meio ao alerta de médicos de que respiradores mecânicos de qualidade e alta tecnologia começam a faltar no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, como informou em primeira mão a colunista Rosane de Oliveira.
Apesar de ventiladores, no geral, não estarem em escassez — dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que, dos 3 mil respiradores mecânicos de UTIs para adultos disponíveis no Rio Grande do Sul, 78,1% estavam em uso neste domingo —, o Hospital de Clínicas já precisou começar a usar equipamentos menos modernos ou não reservados para o dia a dia do tratamento intensivo.
Em resumo, há diferentes tipos de respiradores, cada qual capaz de fornecer um suporte mais intenso de oxigênio ao paciente. Alguns são feitos para pacientes internados em UTIs por dias a fio, enquanto outros são meramente usados para transporte de indivíduos dentro do próprio hospital, por alguns minutos ou horas.
– Os números do site do governo estão certos. Temos ventiladores disponíveis, mas não em quantidade suficiente do tipo que precisamos agora – explicou a médica epidemiologista Jeruza Neyeloff, assessora na Diretoria Médica do Clínicas, à colunista Rosane de Oliveira.
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que comprou e distribuiu 230 respiradores para instituições hospitalares, com investimento de R$ 17 milhões, e que mais 60 estão por vir. Além disso, novas camas e monitores serão enviados aos municípios, e cerca de 200 outros respiradores foram consertados em uma parceria com a General Motors (GM) e o Instituto Cultural Floresta. No total, o Ministério da Saúde enviou mais de mil respiradores ao RS, e outros 40 foram doados pelo movimento Todos pela Saúde.
"Na semana passada, a SES liberou R$ 17,4 milhões para municípios em Gestão Plena, recursos que podem ser utilizados inclusive para locação de equipamentos. Outra providência é a abertura de um cadastro para incentivar e agilizar o empréstimo de respiradores e outros equipamentos entre os hospitais", afirma a nota.