Um hospital de campanha com 20 leitos destinados a pacientes com coronavírus começará a ser erguido em Porto Alegre nesta sexta-feira (12). A estrutura foi trazida de Manaus em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ser montada pelo Comando Militar do Sul em um pátio do Hospital da Restinga, na Zona Sul.
Parte das instalações chegou durante a madrugada à Base Aérea de Canoas. Na manhã, a carga será levada em caminhões pelos militares para o Hospital da Restinga, onde começará a ser montada. O restante da estrutura virá em outro voo de Manaus, também na sexta. A informação foi dada em primeira mão pelo colunista Paulo Germano em GZH.
O hospital de campanha será composto por três barracas, totalizando uma estrutura de 144 metros quadrados. As paredes são de lona, a climatização é mantida por ar-condicionado e o piso é feito de um material que permite a limpeza típica de um local de atendimento a internados. A expectativa é de que a montagem termine entre domingo (14) e segunda-feira (15).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), espera-se que o hospital de campanha tenha, com os equipamentos enviados pelo Exército, quatro novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes em estado gravíssimo e 16 leitos clínicos para indivíduos em estado grave.
A prefeitura ainda avalia usar equipamentos municipais para aumentar as vagas de UTI, o principal gargalo de Porto Alegre hoje – com isso, reduziria o número de leitos clínicos do hospital de campanha, com limite de 20 lugares por conta do espaço.
Na tarde desta quinta-feira, 187 pessoas com coronavírus aguardavam na fila por um leito de UTI em Porto Alegre. Havia outros 800 pacientes com covid-19 em leitos intensivos, mais do que o dobro do teto de capacidade definido pela prefeitura no início da pandemia.
A criação de um hospital de campanha em Porto Alegre partiu de uma operação em conjunto entre prefeitura, governo do Estado e Exército, após um pedido informal feito na terça-feira (9) pelo governador Eduardo Leite ao Comando Militar do Sul e uma solicitação oficial na quarta-feira (10).
Além de montar e guardar o hospital de campanha, o Exército trará de Manaus quatro respiradores, 20 camas, 20 monitores, gerador de energia e sistema de ar-condicionado, segundo o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta. A prefeitura entrará com os profissionais de saúde do Hospital da Restinga, que atenderão a população.
— Até domingo, fica pronto. Se já tivermos o RH (recursos humanos), entre domingo e segunda começa a funcionar — afirma Sparta.
A prefeitura chegou a avaliar a criação de um hospital provisório no Gigantinho, depois que o Inter ofereceu o ginásio, mas a ideia ficou em segundo plano com a chegada da estrutura fornecida pelo Exército, que não trará custos ao município além dos equipamentos que o Executivo adicionar ao local e dos profissionais da saúde que atuarão.
— Achamos mais interessante, em um primeiro momento, expandir os próprios hospitais em funcionamento. É mais rápido. Esse hospital de campanha será feito ao lado de um hospital, se precisar de laboratório ou de tomografia, tem ali. A situação é difícil, mas as autoridades municipais e estaduais estão fazendo todo o esforço, juntamente com hospitais e profissionais da saúde, para proteger a população — acrescenta o secretário.
Em meio ao segundo colapso do sistema de saúde, Manaus contava com duas alas (ou, como chamam os militares, “módulos”) de hospitais de campanha. Com a melhora do cenário manauara, uma das estruturas precisava ser transferida a outro Estado, e acabou chegando a Porto Alegre para reforçar o atendimento gaúcho, que está com as UTIs colapsadas com 111% de ocupação.
— São leitos clínicos leitos e de UTI, que funcionam como um hospital comum. Não é de concreto, é feito de barracas. Nessa parceria, o Exército vai atuar na logística de estrutura e segurança. Na parte operacional, o atendimento será dos profissionais da prefeitura — observa o coronel Italo Mainieri Junior, oficial de comunicação social do Comando Militar do Sul.
Com a chegada do restante da estrutura na sexta-feira, a montagem leva de um a dois dias, confirma Mainieri.
— A montagem em si é rápida. Tendo o material, incluindo a parte especializada elétrica e hidráulica, (o hospital de campanha) fica pronto em torno de um ou dois dias. Depois, depende de ter profissionais da saúde — diz. — Em que pese tenhamos limitações de material, a gente tenta prestar apoio e melhorar o atendimento para desafogar o problema dos leitos de Porto Alegre — finaliza o coronel.
Desafogo do sistema
O diretor da Auditoria do SUS da Secretaria Estadual da Saúde, Bruno Naundorf, reforça que o aumento no número de leitos clínicos, finalidade principal dos hospitais de campanha, é muito importante para desafogar o sistema de saúde, mas afirma que a principal preocupação do governo do Estado, neste momento, está relacionada à abertura de mais leitos para tratamento de alta complexidade.
— Todas as possibilidades de dar atendimento à população estão sendo avaliadas, inclusive eventuais novos hospitais de campanha. Mas os esforços principais do Estado, neste momento, são para a compra e o aluguel de equipamentos para ampliar o número de respiradores e de leitos de UTI, que é a maior necessidade da população. Nós temos um contrato já assinado para colocar mais leitos e equipamentos de tratamento intensivo em hospitais do RS que têm possibilidade de ampliação — afirma.