Mesmo com o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou na quarta-feira (10) a resolução que oficializa regras para que Estados, municípios e o setor privado possam importar vacinas e medicamentos contra a covid-19, o Rio Grande do Sul esbarra em outro gargalo: a escassez de imunizantes disponíveis. Segundo a secretária de Saúde Arita Bergmann, uma farmacêutica procurada pelo governo estadual chegou a dar previsão de entrega de doses somente para o final do ano.
— O RS já tem na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) a previsão orçamentária (para compra de doses). O governador tem visitado pessoalmente as farmacêuticas. Manifestamos interesse em vários produtos. Estamos vendo concretamente é que tem muitos importadores querendo vender a vacina. Estamos naquela fase lá do início em que tinha uma avalanche, e deu no que deu em muitos Estados. Só que tem um problema: não tem disponibilidade para entrega imediata dos imunizantes — disse, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta quinta-feira (11).
— Ontem (quarta-feira), fizemos contato com uma empresa que tem uma vacina aprovada que nos disse: "Assine o contrato, mas só temos disponibilidade para outubro”. O mercado da vacina tem uma forte concorrência no mundo. O próprio Ministério da Saúde não está conseguindo manter o cronograma — relatou.
A indisponibilidade para aquisição de vacinas pelo Estado ocorre em momento que o RS atravessa a pior fase da pandemia, com colapso das unidades de terapia intensiva (UTI) e o aumento de mortes. Neste início de março, o Estado está, pela segunda semana consecutiva, em bandeira preta. A ocupação das UTIs na manhã desta quinta-feira (9) era de 111,73% e, conforme a secretária, mais de 200 pessoas estão à espera de internação.
Segundo Arita, "os indicadores não nos dão ainda nenhum sinal de que possamos flexibilizar qualquer possibilidade neste momento". Em meio à expectativa dos municípios de que o governo reative o plano de cogestão, a projeção é de que o Estado continue em bandeira preta por algumas semanas, para além do dia 22 de março.
— (Precisamos) de maior adesão aos protocolos obrigatórios individuais, menor circulação. Se houvesse uma diminuição grande, já teríamos algum sinal de melhora, de diminuição de casos e de procura por leitos clínicos. No entanto, a mobilidade não está no patamar em que estávamos no início. As pessoas continuam circulando. É nesse sentido que precisamos continuar trabalhando muito, contando com o apoio dos prefeitos e mostrando que somos todos responsáveis. Não há condições, por mais que estejamos abrindo novos leitos — pediu a secretária.
O Rio Grande do Sul ultrapassou a marca de 14 mil mortos por coronavírus na quarta-feira (10). Segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), foram 251 óbitos nas últimas 24 horas.