O avião com o primeiro lote importado de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção da vacina de Oxford/AstraZeneca na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pousou no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, às 18h18 deste sábado (6). O carregamento, que veio de Xangai e fez uma escala em Luxemburgo, será suficiente para a entrega de 2,8 milhões de doses em março – a primeira distribuição será de 1 milhão de injeções entre 15 e 19 de março.
Após ser inspecionado na alfândega do aeroporto, o lote do imunizante contra a covid-19 chegou em um caminhão ao laboratório de BioManguinhos, na Fiocruz, por volta das 20h. Depois de descongelado gradualmente, o material será diluído a outros ingredientes para uma pré-avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Este é o primeiro de três carregamentos de IFA que a Fiocruz receberá para a produção, no Brasil, da vacina de Oxford. As 2 milhões de doses aplicadas nas últimas semanas não foram fabricadas no Rio de Janeiro, mas importadas da Índia.
A Fiocruz espera receber mais dois carregamentos do insumo entre 23 e 28 de fevereiro para entregar, em março, um total de 15 milhões de doses da vacina de Oxford, já contando as 2,8 milhões feitas a partir do primeiro lote.
Apesar do atraso no repasse do ingrediente em meio ao embate diplomático entre Brasil e China, a Fiocruz mantém a previsão inicial de entregar, ao governo federal, 100,4 milhões de doses até julho deste ano, com base no envio de 14 lotes de IFA, contando o primeiro deste sábado. Entre agosto e dezembro, a previsão é de mais 110 milhões de injeções, feitas com o insumo produzido no Rio de Janeiro, sem importação.
A instituição já fez à Anvisa o pedido de licença para aplicar a vacina em todos os brasileiros e aguarda resposta da agência reguladora. Para reduzir o impacto do atraso no repasse do IFA por parte da China, a Fiocruz ainda negocia a importação de mais doses prontas, assim como fez com o Instituto Serum, da Índia.
Para o recebimento do IFA no Rio, estavam presentes o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade. Pazuello não falou com a imprensa.
Em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, o general afirmou que este sábado cumpria "uma etapa fantástica" de um projeto que começou sete meses atrás, com a escolha da AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, para a produção do imunizante. Ele acrescentou que, com a chegada do IFA, "isso nos permite o início da fabricação e a mudança na gestão em vacinar".
O IFA, que é a matéria-prima da vacina, foi fabricado no laboratório chinês Wuxi Biologics, parceiro do laboratório anglo-sueco AstraZeneca. A fábrica foi inspecionada no fim do ano passado pela Anvisa, que atestou a qualidade dos trabalhos. Na Fiocruz, o insumo será misturado a outros ingredientes para a formulação da vacina.
A Fiocruz depende da importação dessa matéria-prima para a fabricação da vacina de Oxford, o que implica contar com as boas relações diplomáticas com a China para o repasse. Mas, a partir de julho, a instituição estará pronta para produzir o IFA no Rio de Janeiro, sem a necessidade de importá-lo.
A partir de agosto a Fiocruz passará a entregar ao Ministério da Saúde vacinas 100% produzidas no Rio de Janeiro. Isso deve acelerar a fabricação de doses e a imunização de brasileiros contra a covid-19.