A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (Abcvac) está negociando com a farmacêutica indiana Bharat Biotech a aquisição de doses de um imunizante contra o coronavírus. A negociação, entretanto, está em fase preliminar, ainda depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e "dificilmente" chegará antes das doses solicitadas pelo governo federal, segundo o presidente da associação, Geraldo Barbosa.
— Eu acho que dificilmente vai chegar antes do governo iniciar a vacinação. Eles estão bem mais avançados neste sentido. As clínicas privadas historicamente não têm um protocolo de seguir o mesmo programa de vacinação nacional — declarou Barbosa.
De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, a Abcvac negocia para obter 5 milhões de doses da vacina entre março e abril. Barbosa ressalta, entretanto, que esta previsão é otimista, pois a farmacêutica indiana obteve autorização emergencial no seu próprio país neste sábado (2), não fez estudos clínicos no Brasil e ainda não solicitou autorização para a Anvisa.
— O que a gente está fazendo é todo o trâmite inicial, fazendo as negociações, e ao mesmo tempo, a responsabilidade da indústria é de submeter a documentação na Anvisa. Porque a efetiva importação dessa vacina só vai acontecer após liberação da Anvisa. Ela não será feita, não será adquirida, se a Bharat não conseguir o registro. Então o que a gente está fazendo é uma tratativa prévia para garantir que, quando todas as documentações forem apresentadas e a Anvisa aprovar o medicamento, a gente simplesmente cuida da logística de distribuição, porque toda a negociação já foi feita — declara Barbosa.
Ainda de acordo com o Estadão, a Bharat Biotech vai pedir autorização através do sistema de "submissão contínua", no qual os dados das pesquisas sobre a vacina são apresentados em etapas, antes da conclusão completa dos estudos. Esse sistema é utilizado para acelerar os registros e outras farmacêuticas, como Astrazeneca (da vacina de Oxford, que tem acordo com o governo federal), Butantan (do acordo com a Sinovac, a chamada "vacina chinesa"), Janssen e Pfizer já avisaram que utilizarão este método.
Uma comitiva deverá chegar nesta segunda-feira à Índia para iniciar as negociações. Caso todos os procedimentos sejam bem-sucedidos, a entidade declara que as vacinas estarão disponíveis para toda a população, sem grupos prioritários, a menos que o Ministério da Saúde defina o contrário.
—A clínica tem caráter de proteção individual. Então todo paciente, encaminhado pelo médico na clínica, ele vai ser vacinado sem ter nenhum critério de respeito a ordem de vacinação. Mas se o Ministério da Saúde ou o próprio Programa Nacional de Imunização solicitarem que a gente respeite determinada regra, ai a gente com certeza vai atender, porque a gente é submisso as ordens que eles definem. Mas, a princípio, a vacina vai estar liberada com prescrição médica de acordo com a disponibilidade de estoque, sem nenhum critério de prioridade.