Em entrevista a jornalistas iniciada pouco depois de o governador de São Paulo, João Doria, participar da primeira aplicação de vacina contra covid-19 liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, questionou a identificação da vacina ao governo paulista e ao Instituto Butantan. Ao participar da vacinação de uma enfermeira nesta tarde, Doria usava camiseta com bandeira do Brasil e as inscrições "Vacina do Butantan; A vacina do Brasil".
— Ouço calado, o tempo todo, a politização da vacina — disse Pazuello, perto do fim da entrevista. — Tudo o que foi comprado pelo Butantan foi com recursos do SUS, sem um centavo de São Paulo. Fomos nós que desenvolvemos o parque fabril do Butantan para a vacina. Trabalhamos com o Butantan no desenvolvimento da vacina desde o início, nenhuma dose pode ser retirada do contrato do ministério com o Butantan. Tudo o que tem no Butantan é contratado pelo Ministério da Saúde, de forma integral.
— Diz que foi com o dinheiro do SUS, é inacreditável — comentou. — Não há um centavo (do SUS) até agora para vacina, nem estudo, compra, pesquisa, nada — acrescentou.
Pazuello reiterou que, no que depender do governo, não haverá obrigatoriedade de vacinação.
— A vacina do Butantan talvez não evite que se pegue a doença: o agravamento da doença é que vai ser evitado pela vacina. Não é tomar a vacina e relaxar em medidas preventivas — disse o ministro, que defendeu "máscara, álcool gel e distanciamento social" para conter a pandemia.
— Procuramos vacinação de forma igualitária e simultânea, sem deixar brasileiros para trás — afirmou o ministro, logo no início da apresentação desta tarde.
Doses
Pazuello disse que a "autorização da Anvisa são para as 6 milhões de doses importadas da CoronaVac".
— O Butantan ainda precisa de autorização da Anvisa para vacinas produzidas no Brasil — acrescentou.
Ele disse também que a "China não tem dado celeridade a documentos de exportação de insumo de vacina ao Brasil".
— Enquanto há vacinação de grupos prioritários, haverá organização dos demais — disse o ministro. — Grupos iniciais são mais simples de serem vacinados.