A Secretaria Estadual da Saúde (SES) espera definir os detalhes de como será dada a largada para a vacinação contra o coronavírus no Rio Grande do Sul na segunda-feira (18), dois dias antes da data prevista pelo governo federal para começar o processo de imunização no país.
A titular da SES, Arita Bergmann, prevê que a logística de recebimento e distribuição das doses deve ser desenhada no começo da semana em conjunto com técnicos do Plano Nacional de Imunização. A secretária garante que, uma vez entregues os lotes de imunizantes pelo governo federal, esperados para o começo da semana, o Estado conseguirá reencaminhá-los aos municípios no prazo de um dia.
Por meio de nota repassada via assessoria de comunicação, Arita sustenta que “a distribuição das doses será feita de forma igualitária entre os Estados. Da mesma forma, o governo do Estado distribuirá aos municípios quantidade proporcional à população a ser vacinada”. Estima-se que cheguem entre 200 mil e 300 mil doses inicialmente. Os números reais poderiam ser conhecidos na segunda-feira se a expectativa do Piratini se confirmar.
A SES informa ainda que a logística de vacinação, que envolve questões como medidas para evitar filas e a convocação do público-alvo da primeira etapa de imunização, caberá às prefeituras. Mas existe a possibilidade de que as vacinas previstas para profissionais de saúde sejam levadas até os hospitais, onde seria realizada a aplicação, para não desmobilizar a força de trabalho concentrada na linha de frente do combate à pandemia.
O mesmo procedimento poderá ser adotado “no caso de pacientes acamados e de pessoas em ILPIs (instituições de longa permanência)". Nos demais casos, a vacinação deverá ser feita em postos de saúde nos moldes das demais campanhas de vacinação.
Os grupos prioritários, que serão atendidos na primeira fase, incluem profissionais em contato direto com o vírus, como pessoas que trabalham em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), centros de triagem e Samu, idosos em lares de longa permanência ou, no caso daqueles fora desses lares, escalonados por faixa etária (mais de 80 anos, de 75 a 79 anos, de 70 a 74 anos), indígenas e quilombolas. A estimativa é de que essas características incluam cerca de 1 milhão de pessoas.
Conforme Arita, “assim que a vacina chegar ao Rio Grande do Sul, há estrutura e planejamento para iniciar a vacinação, uma vez que o processo será o mesmo de outras campanhas de imunização, como a da influenza, realizada anualmente”. O governo estadual está trabalhando em uma campanha de mobilização e esclarecimento sobre a vacinação no Rio Grande do Sul, mas os detalhes e a data de início ainda estão sendo definidos.
Indefinição também em Porto Alegre
O secretário Municipal da Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, disse, nesta sexta-feira (15), que o planejamento da cidade não é contar com doses da vacina contra o coronavírus em postos de saúde no próximo dia 20, quarta-feira. Ele calcula que a quantidade inicial será suficiente apenas para imunizar parte dos profissionais de saúde, especialmente aqueles que trabalham em UTIs, emergências e em contato direto com o vírus, além de idosos em instituições de longa permanência, como asilos.
— Estamos fazendo consulta aos hospitais, (para saber) quais são os grupos prioritários que têm lá dentro. Quantas pessoas ligadas às UTIs, quantas ao setor de emergência e às tendas para que a gente tenha condição de fazer a vacinação direto nos hospitais. E aí vamos levar as vacinas aos hospitais e vacinas só àquele grupo de risco deles. E vamos fazer vacinação com unidades móveis em asilos e casas de apoio, onde vivem pessoas em situação de maior vulnerabilidade —detalhou.
Ainda segundo ele, a cidade estaria preparada para receber até 156 mil doses, o que seria suficiente para imunizar todo o grupo de risco de profissionais de saúde, idosos, indígenas e quilombolas, mas "isso não deve ocorrer" devido à provável remessa de doses menor da vacina.
A estimativa de Sparta é que Porto Alegre receba cerca de 50 mil doses das vacinas da Astrazeneca/Oxford e CoronaVac. O cálculo que o secretário é a partir da distribuição do imunizante por população, como prometeu o ministro Eduardo Pazuello aos prefeitos. Como Porto Alegre tem aproximadamente 0,7 % da população brasileira e, caso sejam 8 milhões de doses, seriam cerca de 50 mil vacinas.
Mauro Sparta ainda informou que sua assessoria mantém contato com o ministério e com o Estado, mas até o momento não foi definido o número de vacinas para a cidade.
Azul coloca malha à disposição
Também nesta sexta (15), a Azul informou que colocou à disposição suas aeronaves e a malha de voos regulares da companhia para transportar as vacinas aprovadas para todas as regiões do Brasil. Em nota, a companhia adiantou que "é bem possível que o Rio Grande do Sul, estado onde a Azul opera o maior número de destinos, seja contemplado com o envio de doses por meio de nossas aeronaves".
No entanto, a Azul explicou que todo o planejamento de distribuição da vacina está a cargo do Ministério da Saúde e evitou passar mais detalhes.
Questionada se fez alguma preparação no aeroporto para receber as doses, a Fraport, empresa que possui a concessão do Aeroporto Salgado Filho, explicou que a informação que possui é de que as vacinas "chegarão a Porto Alegre como carga doméstica, assim, ficarão sob gestão das companhias aéreas no Terminal de Cargas Doméstico". Ou seja, podem ser retiradas de imediato, sem a necessidade de armazenamento.
Além disso, a Fraport também informou que "de toda a forma, caso, no futuro, alguma dessas cargas de vacina chegue diretamente de outro país no Terminal de Cargas Internacional, sim, a Fraport Brasil dispõem de câmeras frigoríficas e estrutura caso seja necessária a contratação de equipamentos complementares".