Enquanto o Rio Grande do Sul lida com a segunda onda da pandemia de coronavírus e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) reconhece que já há crescimento exponencial do contágio do vírus, o estudo que poderia revelar dados fundamentais sobre a covid-19 na população gaúcha está parado por falta de investimento. O Epicovid19-RS pode, entre outros resultados, estimar o percentual de pessoas com anticorpos para o coronavírus e avaliar a velocidade de expansão da doença.
Em nível nacional, a pesquisa Epicovid-19 BR, coordenada pelo epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), continua. Mas o braço gaúcho do estudo, o Epicovid19-RS, que vinha sendo executado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, além de mobilizar uma rede de 12 universidades federais e privadas, está parado.
— No momento mais grave da pandemia no Rio Grande do Sul, as informações epidemiológicas produzidas pelo Epicovid são essenciais para ajudar os gestores na tomada de decisões, tanto em relação ao distanciamento social quanto ao número de leitos necessários para o atendimento dos pacientes — explica Hallal.
Dados divulgados em agosto, por exemplo, estimavam que mais de 139 mil pessoas já tinham sido infectadas – o que equivalia a um a cada 82 habitantes do Rio Grande do Sul. Além disso, a pesquisa apontou que a ampliação da testagem reduziu a quantidade de casos não notificados pelas estatísticas oficiais. Para cada caso real de infecção, a pesquisa estimava que exista 1,4 não registrado oficialmente.
— O Epicovid vai mostrar o percentual da população imune à covid-19. Na última vez, descobrimos que era de cerca de 1,5% do total. E agora? Podem ser 2%, 5%, 10%, quem sabe. Mas não sabemos. Com o estudo, teríamos uma ideia muito mais concreta para saber o quão longe se está da chamada imunidade de rebanho, entre tantas outras questões — afirma o epidemiologista.
Para realizar mais duas fases do Epicovid-19 no Estado, os pesquisadores precisariam de R$ 600 mil em financiamento – R$ 300 mil por cada fase – mas, até agora, não há recursos disponíveis para que a pesquisa tenha continuidade. Os últimos resultados divulgados, da oitava etapa do estudo, foram apresentados em 10 de setembro. O reitor da UFPel explica que a fala de financiamento é o único impeditivo para a continuação dos trabalhos.
Nesta quinta-feira (3), a SES informou que irá abrir, nos próximos dias, 190 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre os hospitais que ganharão novas vagas em UTI, estão o Hospital Vila Nova de Porto Alegre, o Hospital Bom Pastor de Ijuí, o Hospital São Vicente de Paulo, em Cruz Alta, e o Hospital Regional de Santa Maria.
O Epicovid19-RS vinha sendo coordenado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, mobilizando uma rede de 12 universidades federais e privadas: Imed Passo Fundo, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade La Salle (Unilasalle-Canoas) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).